No mês em que se assinala o Dia Mundial do Autismo, comemorado a 2 de Abril, apresentamos-lhe o Zeca: um robô humanóide desenvolvido por portugueses com o objetivo de ajudar crianças autistas a melhorar as suas interações sociais.
No mês em que se assinala o Dia Mundial do Autismo, comemorado a 2 de Abril, apresentamos-lhe o Zeca: um robô humanóide desenvolvido por portugueses com o objetivo de ajudar crianças autistas a melhorar as suas interações sociais no âmbito de um projeto de “robótica afetiva” pioneiro no nosso país.
O robô, resultado de uma parceria entre a Universidade do Minho (UMinho) e a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM), é capaz de simular sentimentos como tristeza, alegria, surpresa e medo e tem estado a ser testado, com sucesso, em várias escolas, clínicas e associações das cidades de Braga, Porto e Aveiro.
De acordo com um comunicado enviado pela UMinho ao Boas Notícias, o Zeca (cujo nome provém da expressão inglesa “Zeno Engaging Children With Autism”), produzido pela empresa Hanson Robotics, faz parte de um reduzido número de projetos robóticos a nível internacional destinados a melhorar a vida social de crianças com perturbações do espectro de autismo.
Os testes realizados, até ao momento, com as crianças portuguesas que já conheceram o Zeca em “cenários de jogo” permitiram-lhes, segundo os investigadores da UMinho, melhorar “os níveis de resposta, envolvimento e interesse na interação social”.
“Em concreto, [as crianças participantes] exibiram mais comportamentos não-verbais e tiveram um desempenho significativamente melhor nas tarefas, quer na identificação e imitação das expressões faciais, quer na inferência dos estados afetivos de colegas”, congratula-se a equipa.
O Zeca com a investigadora Sandra Costa, que participa neste projeto pioneiro de robótica afetiva (à direita) © Universidade do Minho
Ou seja, salientam os cientistas
envolvidos no desenvolvimento do Zeca, apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), este “suporte robótico influenciou positivamente a interação com estas crianças” em comparação com o que se passou com aquelas “que realizaram tarefas idênticas” sem o apoio do robô.
A investigação “Robótica-Autismo” arrancou em 2009 no Centro Algoritmi e no Departamento de Eletrónica Industrial da Universidade do Minho, juntando a coordenadora Filomena Soares, os investigadores Cristina Santos, João Sena Esteves, Sandra Costa, Ana Paula Pereira (do Centro de Investigação em Educação da Universidade) e Fátima Moreira, da APPACDM.
Trabalho já foi considerado “um exemplo” lá fora
O trabalho da equipa portuguesa já foi alvo de quatro teses de mestrado e de um doutoramento, de publicações em revistas internacionais e até elogiado na “Euronews”, que o considerou um “exemplo” entre poucos. Os cientistas da UMinho voltaram, entretanto, a concorrer ao apoio da FCT com o objetivo de dar continuidade ao projeto.
Um em cada mil indivíduos – a maioria do sexo masculino – tem perturbações do espectro de autismo, um distúrbio neurológico que leva a estados mentais que se caraterizam por uma tendência “a alhear-se do mundo exterior e a apresentar padrões e interesses restritos e repetitivos”, explica a UMinho.
A universidade portuguesa realça que há também, casos menos severos de autismo, como os dos portadores de Síndrome de Asperger, “que por vezes adquirem autonomia e competências acima da média”.
Cada vez mais debatido e estudado, o autismo tem “despertado controvérsia na comunidade médica face à especificidade dos casos e às implicações no desenvolvimento cognitivo, linguístico e emocional” dos indivíduos.
Além da Universidade do Minho, têm trabalhado noutros projetos do género inverstigadores estrangeiros das universidades de Zagreb, na Croácia, Hertfordshire, em Inglaterra, e Catânia, em Itália.
Clique AQUI para saber mais sobre o projeto “Robótica-Autismo”
Veja abaixo um vídeo de demonstração das expressões simuladas pelo Zeca.
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