Saúde

Voz de familiares ajuda a sair do coma

A voz de pessoas queridas pode ser fundamental para um paciente recuperar do estado de coma. Uma investigação norte-americana acaba de demonstrar que este som familiar pode ajudar a despertar a parte adormecida do cérebro.
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A voz de pessoas queridas pode ser fundamental para um paciente recuperar do estado de coma. Uma investigação norte-americana acaba de demonstrar que este som familiar pode ajudar a despertar a parte adormecida do cérebro.
 
A investigação realizada pela unidade hospitalar Northwestern Medicine and Hines VA Hospital pediu a membros da família de pessoas em coma que gravassem estórias de família que os pacientes recordassem. Os pacientes em coma ouviam os registos quatro a seis vezes por dia, durante pelo menos seis semanas, através de um equipamento com auscultadores. 
 
O estudo contou com a participação de 15 pacientes que sofreram traumatismos cranianos severos e que se encontravam em estado comatoso. A maior parte dos participantes tinha sido vítima de acidentes rodoviários. O tratamento foi aplicado, em média, 70 dias após o acidente.

A evolução destes pacientes foi comparada com o progresso de pessoas que estavam em estado de coma mas que não foram expostas ao registo sonoro das famílias. A conclusão destas comparações foi publicada, este mês, no jornal Neurorehabilitation and Neural Repair.  

“Acreditamos que ouvir estas vozes ajuda os pacientes a reativar os circuitos do cérebro responsáveis pela memória a longo prazo”, explica a líder do estudo, Theresa Pape, em comunicado de imprensa. “Esse estímulo é o primeiro passo para a consciência”, acrescenta a neurocientista. 

Através de scans de MRI os investigadores monitorizaram a reação cerebral dos pacientes que ouviram as gravações. Quando expostos ao som das vozes e das estórias familiares, os neurónios registaram um aumento da atividade nas zonas do cérebro associadas a memória e a linguagem. 
 
Godfrey Catanus foi um dos pacientes analisados. A mulher de Godfrey e os irmãos do paciente registaram numerosas estórias de família que envolviam o próprio Godfrey. Através de auscultadores, o paciente ouviu aquelas memórias quatro vezes ao dia, ao longo de três meses.

Algumas semanas após o início do tratamento, Godfrey começou a responder a perguntas da sua terapeuta através de gestos e pouco depois despertou do estado de coma. Agora, está de volta à sua família ainda que tenha permanecido com algumas lesões que o obrigam, por exemplo, a mover-se de cadeira de rodas.


Entretanto, Godfrey recuperou do seu estado vegetativo. O seu testemunho reforça a teoria de Pope. Godfrey disse aos investigadores que se lembra de ouvir a voz da mulher e dos irmãos durante o tempo em que esteve inconsciente.

Também a esposa de Godfrey acredita que esta terapia foi fundamental: “o tratamento através da voz fez uma diferença dramática na sua recuperação, sei que ajudou a trazê-lo de volta”, reitera a mulher do paciente.

 
Segundo a neurocientista Pape, os maiores progressos em termos de reações neuronais registaram-se após duas semanas de tratamento. Passadas seis semanas de audição das vozes da família, os progressos foram mais ligeiros. 

Notícia sugerida por Maria da Luz

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