Um medicamento experimental fabricado à base de um vírus inofensivo encontrado nos sistemas respiratório e gástrico dos humanos pode ser uma nova arma para auxiliar nos tratamentos por radioterapia mesmo em cancros em estado avançado, noticia a BBC.
Um medicamento experimental fabricado à base de um vírus inofensivo encontrado nos sistemas respiratório e gástrico dos humanos pode ser uma nova arma para auxiliar nos tratamentos por radioterapia mesmo em cancros em estado avançado, noticia a BBC. Os tumores dos pacientes que participaram no estudo britânico pararam de crescer ou diminuíram de tamanho.Segundo a revista “Clinical Cancer Research“, os tumores tratados com o reovírus – grupo de vírus formado por ARN, o ácido ribonucleico, e que é o causador de constipações e gastroenterites – em conjugação com radioterapia pararam de crescer ou diminuíram de tamanho.
Os investigadores britânicos, do Instituto de Investigação do Cancro, em Londres, ficaram entusiasmados com o facto deste novo fármaco (o Reolysin, que está a ser desenvolvido pela Oncolytics Biotech) ter atuado nos 23 pacientes submetidos ao ensaio e que tinham cancros de diferente tipo, como do pulmão, intestino, ovários e pele.
Entre os pacientes que recebiam doses baixas de radioterapia, dois tiveram os tumores reduzidos e cinco pararam de crescer. Entre os que recebiam doses altas, cinco tiveram os tumores reduzidos e os demais viram a interrupção do avanço da doença.
Um paciente tinha um grande tumor na glândula salivar que diminuiu de tamanho o suficiente para ser retirado cirurgicamente. Outro paciente com uma forma agressiva de cancro de pele que tinha sido considerado perto da morte permanecia vivo 17 meses após o início do tratamento alternativo.
Todos os doentes tinham em comum o facto de já não responderem positivamente aos tratamentos, sentindo apenas algum alívio para a dor com a radioterapia. A utilização do Reolysin, que é directamente injectado nos tumores, não provocou efeitos secundários significativos além dos típicos da radioterapia.
“A ausência de qualquer efeito secundário significativo neste estudo é extremamente tranquilizadora para futuros ensaios em pacientes que recebam tratamento por radioterapia para curar o seu cancro”, afirmou o coordenador do estudo, Kevin Harrigton, citado pela BBC.
Embora os resultados sejam promissores, um outro médico que integra a equipa, o maltês Johann de Bono, disse ao jornal Times of Malta que o vírus não é uma arma mágica contra o cancro, alertando que será necessário esperar pelos efeitos do novo medicamento a longo prazo para ter garantias do seu sucesso.