Vila Real vai poder revelar espécies como a planta carnívora drosera ou a borboleta azul no novo Observatório da Biodiversidade.
A cidade de Vila Real vai ter um Observatório da Biodiversidade onde irá revelar espécies como a planta carnívora drosera ou a borboleta azul. As antigas minas de volfrâmio, na freguesia de Campeã, serão reabilitadas para acolher este centro científico.
O projeto incluído no Programa de Preservação da Biodiversidade de 2010 vai estender-se a uma lagoa artificial da zona, que capta uma grande variedade de espécies que poderão ser observadas.
Carlos Lima, coordenador do programa, explicou à agência Lusa que cerca de cinco hectares vão funcionar como uma ”montra” da biodiversidade do concelho de Vila Real, destacando a existência da drosera, uma pequena planta carnívora.
Para além deste espécime, foram também identificados alguns ninhos de myrmica, formiga que faz parte do ciclo biológico da borboleta azul e que leva os investigadores a supor que este lepidóptero regressou ao vale da Campeã.
Para além destas funções, Carlos Lima salienta que o observatório será também um ponto de concentração para “experiências entre a população rural e o desenvolvimento de projetos relacionados com plantas aromáticas e medicinais”.
Programa de Preservação da Biodiversidade
Durante o mês de Julho vão ser inaugurados vários bio-percursos, estando ainda prevista a realização do Fórum Biodiversidade em Vila Real, entre 21 e 22 de Março. Este evento pretende divulgar as diferentes atividades que têm sido feitas no âmbito do programa de preservação.
Para além destas atividades, também a requalificação das margens do rio Corgo faz parte das ações deste programa, tendo sido realizadas várias “Rogas dos Rios”, campanhas de voluntariado com vista à limpeza dos cursos de água, e construídos muros no Alvão para proteger a espécies de sapos.
Para este programa, a autarquia conta com o apoio da Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, da associação Parques com Vida, Quercus, Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Paula Seixas Arnaldo, que estuda a borboleta azul desde 2006 pela UTAD, juntou-se também a este projeto. A investigadora explicou que está a ser preparada a ligação entre várias populações de borboleta azul identificadas no Alvão, para que “consigam comunicar umas com as outras e não se perder variabilidade genética”.
A borboleta azul é um espécime frágil, com baixa tolerância a variações no ecossistema, que necessita de condições ecológicas específicas, como plantas hospedeiras onde coloca os ovos, e a formiga do género myrmica que a alimenta no seu formigueiro durante as últimas fases larvares.