por Patrícia Maia
Estão de volta as cores originais das paredes pintadas com padrões minuciosos, os tetos e as paredes trabalhadas em estuque, as madeiras rendilhadas dos vãos das escadas. Com base em fotografias e vestígios encontrados no local, a equipa de restauro fez questão “de manter exatamente a traça original” da casa, explicou ao Boas Notícias, no dia da reabertura, José Maria Lobo de Carvalho, arquiteto responsável por coordenar a recuperação do Chalet.
Desta construção romântica destaca-se, sobretudo, a presença predominante da cortiça. O arquiteto explica que a extensa utilização deste material revela a sensibilidade de “D. Fernando II que, apesar da sua origem alemã, chegou a Portugal e soube reconhecer o valor a cultura portuguesa”.
“Embora o chalet seja um conceito alpino, D. Fernando II fez uma combinação inteligente, recorrendo a muitos materiais portugueses como a cortiça”, explica o arquiteto. José Maria Lobo de Carvalho acredita que o casal “se terá inspirado no Convento dos Capuchos onde a cortiça foi usada com fins decorativos” embora tenha ido mais longe “aplicando-a como revestimento”.
O Chalet e o Jardim, localizados na zona ocidental do Parque da Pena, foram construídos pelo rei consorte, já depois da morte da sua primeira esposa, a rainha D. Maria II. Em 1869, ano em que casou com a a cantora de ópera Elise Hensler (mais tarde Condessa d’Edla), o refúgio já estava concluído.
Depois da morte da condessa, em 1929, o Chalet passou para as mãos do Estado e esteve, durante décadas, votado ao abandono. O cenário piorou em 1999, quando um incêndio transformou o chalet numa autêntica ruína com apenas algumas paredes exteriores. Em 2007, a Parques de Sintra iniciou a recuperação do jardim e do edifício apoiada pelo fundo EEA-Grants.
A primeira inauguração do espaço restaurado foi em 2011 mas, nessa altura, apenas as paredes exteriores e a Sala das Heras estavam recuperadas. Agora, o chalet está praticamente concluído faltando apenas reconstruir, numa terceira fase, os painéis de cortiça que revestiam as paredes e os tetos da Casa de Jantar e do Quarto de vestir do Rei D. Fernando, e o pavimento decorativo de uma das entradas, do qual subsistiram fragmentos.
Um jardim com plantas de todo o mundo
“Aqui à volta temos aquilo a que se pode chamar um jardim botânico, romântico, que é o resultado de uma paixão muito grande pela natureza”, explica o arquiteto. Os caminhos e bancos deste cenário botânico foram cuidadosamente planeados de forma a permitir observar vistas para o Palácio da Pena, o Chalet e o Castelo dos Mouros.
Uma exposição com objetos e mobiliário da época
Para além da recuperação das salas de cortiça, a Parques de Sintra pretende levar a recuperação do chalet mais longe, estando prevista, para breve, a inauguração de uma mostra com conteúdos sobre o restauro e uma exposição com mobiliário e alguns objetos da condessa de forma a oferecer uma interpretação histórica mais completa do espaço.
Nessa altura, será possível reviver, de uma forma ainda mais autêntica, o universo artístico e cultural partilhado por D. Fernando II e pela condessa, que foram mecenas de vários artistas portugueses, entre eles o mestre Columbano Bordalo Pinheiro e o pianista Viana da Mota.
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