Segundo o comunicado do TSRI, esta vacina tem como objetivo neutralizar os subprodutos psicoativos da heroína no sangue, evitando que estes cheguem ao cérebro e provoquem dependência.
“Quando os ratos viciados em heroína são privados desta droga, o normal é que a tomem compulsivamente quando a voltam a ter. Mas a nossa vacina evita que isso aconteça”, explicou George F. Koob, presidente do grupo de pesquisa de vícios no TSRI.
Vacinas contra a cocaína, nicotina e meta-anfetamina estão já em fase experimental, adianta o comunicado. Normalmente, a estrutura das moléculas das drogas comuns são demasiado pequenas e simples, conseguindo estimular o sistema imunitário pela sua simples presença.
Mas os criadores de vacinas conseguiram superar esse obstáculo através da aposição de proteínas a fragmentos-chave da droga, desenvolvendo moléculas maiores, capazes de dar uma resposta imunitária.
No caso da heroína, foi particularmente difícil conseguir desenvolver uma vacina, porque esta droga decompõe-se rapidamente na corrente sanguínea após a injeção. Este é um processo muito rápido, em que se gera o composto 6-acetilmorfina, que é responsável por grande parte do efeito desta droga.
Vacina pode ser combinada com outras terapias
Este teste realizado em ratos que têm uma profunda dependência da droga – treinados ao ponto de pressionarem uma alavanca para obterem uma infusão de heroína – levou a concluir que os ratos que receberam a vacina, quando expostos novamente à droga, não desenvolviam o mesmo comportamento de dependência, ao contrário dos que não receberam a vacina.
Ainda que a vacina iniba a entrada de heroína no cérebro, esta não bloqueia os efeitos da metadona – ou de outras substâncias utilizadas no tratamento da toxicodependência – pelo que, em princípio, é possível administrá-la em simultâneo com outras terapias convencionais, antecipou um dos coautores desta invenção.
Kim Janda, outro dos investigadores, esclareceu que “a vacina acompanha a droga, mantendo os produtos de degradação ativos fora do cérebro”. No entanto, prevê fazer ainda algumas alterações ao produto, até que este possa começar a ser administrado em seres humanos.
Atualmente, estima-se que a dependência da heroína afete cerca de dez milhões de pessoas em todo o mundo.
Notícia sugerida por Carla Neves