Cientistas norte-americanos descobriram que uma vacina comumente administrada em crianças para prevenção de otites e da meningite (e que faz parte do programa de vacinação nacional) pode reduzir o risco de leucemia linfoblástica aguda.
Cientistas norte-americanos descobriram que uma vacina comumente administrada em crianças para prevenção de otites e da meningite (e que faz parte do programa de vacinação nacional) pode reduzir o risco de leucemia linfoblástica aguda (LLA), o tipo mais frequente de cancro infantil.
De acordo com um estudo realizado pela Universidade da Califórnia (UCSF) – São Francisco, nos EUA, a vacina do HIB (“Haemophilus influenza tipo b”), que protege contra doenças causadas pela bactéria com o mesmo nome e integra o Plano Nacional de Vacinação português, consegue, também, prevenir a LLA.
Embora já tivesse sido estabelecido em vários estudos epidemiológicos, este caráter protetor da vacina contra a leucemia é ainda pouco conhecido do público em geral e só agora os investigadores conseguiram entender qual o mecanismo que o explica, mecanismo esse que revelaram no trabalho publicado esta segunda-feira na revista científica Nature Immunology.
Segundo os cientistas, muitos bebés apresentam, à nascença, na corrente sanguínea, os chamados “oncogenes”, ou seja, genes com potencial para provocar cancro, apesar de apenas um em cada 10.000 recém-nascidos desenvolver a doença.
As infeções recorrentes com o virus HIB levam, porém, a que que determinados genes do sistema imunitário entrem em sobrecarga, convertendo estas células sanguíneas “pré-leucemia” em cancro, o que justifica o aparecimento da patologia.
Os investigadores da UCSF decidiram, portanto, avaliar o risco de a inflamação crónica causada por infeções recorrentes provocar “danos colaterais” (as chamadas lesões genéticas) nas células sanguíneas que já transportam “oncogenes”, promovendo a sua transformação numa efetiva doença oncológica.
Equipa vai também analisar vacinas contra infeções virais
Em experiências com ratinhos, a equipa analisou duas enzimas conhecidas como AID e RAG, que, por norma, são necessárias para uma resposta imunitária normal mas, em casos de infeção crónica, se tornam “hiperativas”, levando a mutações genéticas aleatória e a uma reação exagerada do sistema imunitário e abrindo, consequentemente, portas ao cancro.
É aqui que entra a vantagem da vacinação: ao serem vacinadas, as crianças ficam “amplamente protegidas e adquirem uma maior imunidade a longo-prazo”, uma vez que as vacinas previnem as infeções, reduzindo a frequência das reações “recorrentes e veementes” do sistema imunitário que, muitas vezes, desencadeiam a leucemia.
“Estas experiências ajudam a explicar por que razão a incidência da leucemia se tem reduzido drasticamente desde o advento das vacinações regulares na infância”, sublinha Marcus Müschen, professor de Medicina Laboratorial da USCF, em comunicado.
Apesar de terem estudado, especificamente, as infeções por HIB – infeções bacterianas – os cientistas acreditam que é possível que os mesmos mecanismos se observem em infeções virais.
Por essa razão, a equipa está, neste momento, a realizar testes para apurar se vacinas como, por exemplo, a “Tríplice Viral” (vacina conjunta contra o Sarampo a Rubeóla e a Papeira), podem, também, proteger contra a leucemia.
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).
Notícia sugerida por Maria da Luz
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