Em Todmorden, uma autêntica "cidade comestível" inglesa, há plantações de vegetais como batatas ou milho a cada esquina, árvores de fruta à porta do centro de saúde e até no cemitério nascem legumes que qualquer um pode colher e consumir.
Há uma cidade inglesa onde as hortas crescem por toda a parte. Em Todmorden, uma autêntica “cidade comestível” situada a poucos quilómetros de Manchester, há plantações de vegetais como batatas ou milho a cada esquina, árvores de fruta à porta do centro de saúde e até no cemitério nascem legumes que podem ser colhidos e consumidos por qualquer um, num projeto que pretende estimular o espírito comunitário através de um elemento indispensável a todos: a comida.
O projeto “Incredible Edible” (“Incrivelmente Comestível”) começou há cerca de três anos e meio. “Não surgiu porque estávamos aborrecidos, mas porque quisemos dar início a uma revolução”, conta Pam Warhurst, uma das suas fundadoras, durante uma conferência TED.
Não houve pedidos de autorização, não se redigiram relatórios, ninguém ficou à espera de financiamento externo. “Limitámo-nos a fazê-lo”, acrescenta a responsável, recordando que a ideia foi apresentada à comunidade numa reunião pública e a reação foi “explosiva” pela positiva.
Polícias plantam milho e árvores de fruto nascem no centro de saúde
O primeiro passo foi dar uma nova vida aos terrenos que circundam a principal estrada da cidade, que, confessa Warhurst, “costumavam servir de casa-de-banho de cães”, mas foram transformados num jardim de ervas aromáticas. Entretanto, nos parques da cidade nasceram hortas que os habitantes podem partilhar e de ondem podem, eles próprios, com total liberdade, apanhar os produtos que desejarem.
Cenário semelhante observou-se no centro de saúde local, atualmente rodeado por árvores de fruta e arbustos e dotado de um espaço onde rebentam os mais variados legumes, e da esquadra da polícia, com as suas novas plantações de feijão. Até no cemitério – “onde os solos são particularmente férteis”, brinca Warhurst -, crescem hortaliças.
“Não aceitamos que nos digam que estas pequenas mudanças são insignificantes face aos problemas do futuro. Já testemunhei o poder das pequenas ações e é fantástico”, defende a impulsionadora do movimento, que tem envolvido a comunidade de diversos modos.
Quem não quiser ser responsável pelo cultivo e tiver uma veia criativa poderá, por exemplo, desenhar “etiquetas” originais que ladeiam os vegetais plantados informando os curiosos de que legume se trata e de algumas das suas caraterísticas. Ou, em alternativa, poderá cozinhar os produtos locais, que são colhidos de tempos a tempos, e ajudar a distribuí-los, gratuitamente, pela rua.
A iniciativa pensa até nos turistas, que têm chegado de todas as partes do mundo com vontade de saciar a curiosidade quanto a esta cidade onde os alimentos se espalham pelas ruas: para os visitantes foi criada uma “Rota Incredible Edible”, que os guia pelas diferentes áreas cultivadas e lhes permite entrar, também, no espírito da ideia.
Projeto poderá ser reproduzido noutras cidades
Segundo Warhurst, a ideia tem promovido decisivamente a solidariedade e o voluntariado entre os membros da comunidade, levando-os a aprender mais sobre agricultura e a desenvolver maior vontade de investir na produção local, não apenas de vegetais, mas de carne, peixe, ou qualquer outro produto.
“Este é um movimento para todos. Temos um lema: 'Se comes, fazes parte'. Não importa a idade, o estatuto social ou a cultura”, conclui a responsável, que acredita que o projeto poderá ser reproduzido noutras cidades inglesas e até mundiais uma vez que há uma vontade generalizada de ser gentil para com os outros e para com o ambiente e de “assumir a responsabilidade”.
Clique AQUI para aceder à página oficial do projeto “Incredible Edible”.