O ser vivo mais antigo à face da Terra pode ter sido identificado por uma equipa liderada por investigadores da Universidade do Algarve (UA). De acordo com o estudo, a espécie marinha 'Posidonia oceanica' existe há mais de 100 mil anos.
O ser vivo mais antigo à face da Terra pode ter sido identificado por uma equipa liderada por investigadores da Universidade do Algarve (UA). De acordo com o estudo, a espécie marinha 'Posidonia oceanica' existe há mais de 100 mil anos.
Esta planta pertence ao grupo das plantas espermatófitas que dão flor e fruto. De acordo com o estudo, as amostras recolhidas pelos investigadores provêm de área de 3500 quilómetros e 40 pradarias marinhas do Mar Mediterrâneo, entre Espanha (Girona) e o Chipre, onde a espécie se prolifera.
Depois de recolhidas amostras da planta, os cientistas analisaram o seu ADN que revelou a longevidade da planta. Uma das descobertas mais significativas foi a de uma colónia da planta perto da ilha espanhola Formentera, que deverá ter tido a sua origem no período Pleistocénico da Era Cenozóica, ou seja, entre 11 mil e um milhão de anos atrás.
Ainda que a espécie se reproduza sexualmente, tinha sido já descoberto que esta também se prolifera clonando-se a si própria, pelo que muitas das plantas são clones de outras mais antigas. Os primeiros exemplares terão centenas de milhares de anos e estendem-se por vastas áreas ainda que lentamente: demoram 600 anos a cobrirem uma área de 80 quilómetros.
Note-se que, até à data, o organismo vivo que se considerava ser o mais antigo era uma alga da Tasmânia, que se pensa ter à volta de 40 mil anos.
Equipa internacional liderada por portuguesa
A equipa de investigadores, coordenada por Ester Serrão, do Centro de Ciências do Mar (CCM) da Universidade do Algarve, integra também profissionais de centros de investigação franceses, espanhóis e australianos. O estudo foi publicado recentemente na revista americana Public Library of Science One.
A durabilidade e o vigor do genoma da planta podem ter sido influenciados pela ausência de plantas endémicas que se apresentem como espécie competitiva na mesma zona, e pela ausência de grandes predadores no seu ecossistema.
Os cientistas esperam que um melhor conhecimento da 'Posidonia oceanica' possa ajudá-la a protegê-la de um declínio de cerca de 10 por cento verificado na sua área de distribuição nos últimos 100 anos, que poderá estar relacionado com as recentes alterações climáticas e o desenvolvimento da costa.
[Notícia sugerida por Ana Guerreiro Pereira e Luís Paulo]