Não faça já a festa. Os investigadores concluíram que o trabalho pode, sim, beneficiar o desempenho cognitivo – mas só durante as primeiras 25 horas semanais. Após esse pico os autores do estudo verificaram que se regista um declínio no desempenho do cérebro.
As notícias não são melhores para quem trabalha 40 horas semanais, como é o caso dos portugueses: trabalhar excessivamente pode, inclusive, resultar num cérebro menos saudável do que o de uma pessoa que trabalha menos, ou seja, torna-se contraprodutivo.
Cérebros jovens são mais resistentes
Os resultados são menos evidentes em pessoas abaixo dos 40 anos. “A minha estimativa pessoal seria que a função de recuperação do desempenho cognitivo nos jovens é um pouco diferente”, diz Colin McKenzie, professor de economia na Universidade Keio, no Japão, e um dos autores do estudo. “Os jovens são mais resilientes (…) a trabalhar longas horas de forma contínua”.
“Isto sugere que, para otimizar o desempenho cognitivo das pessoas, trabalhar menos horas é o melhor”, acrescenta o investigador sublinhando que trabalhar demasiado é “muito pior” do que trabalhar menos.
Os investigadores analisaram dados relativos a 6.500 cidadãos australianos e descobriram que o tempo investido a trabalhar afeta diretamente o funcionamento do cérebro – uma relação que se torna mais acentuada a partir da meia-idade.
O estudo comparou o número de horas trabalhadas com resultados obtidos em testes de memória funcional, competências linguísticas, concentração e velocidade de processamento de informação.
Os resultados foram semelhantes tanto para homens como para mulheres. As principais causas que os investigadores encontraram associadas à redução do desempenho cerebral são o stress físico e psicológico associado a longas jornadas de trabalho.
Holanda com média de 29 horas por semana
Segundo o estudo Society at Glance, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a Holanda é o país com a jornada de trabalho mais reduzida, registando uma média de 29 horas de trabalho por semana. Na Bélgica, na Suécia e na Alemanha a média é de 35 horas.