Um empresário português desenvolveu e investiu num processo de ultracongelação que vai possibilitar que as tigeladas e a palha de Abrantes, doces conventuais típicos daquela região, cheguem aos quatro cantos do mundo sem perder a qualidade.
Um empresário português desenvolveu e investiu num processo de ultracongelação que vai possibilitar que as tigeladas e a palha de Abrantes, doces conventuais típicos daquela região, cheguem aos quatro cantos do mundo sem perder a qualidade. Os primeiros destinos deverão ser França, Bélgica e Luxemburgo.
Em declarações à Lusa, Nuno Neto, responsável pelo nascimento da empresa “Simplesmente Divinal”, que vai comercializar estas duas iguarias da doçaria portuguesa, explicou que ambas “têm mercado em todo o país e também no estrangeiro” e que, até ao momento, a dificuldade passava pela sua conservação até à chegada ao destino.
“O problema era manter a frescura de um produto feito à base de ovos e que começa a perder as suas qualidades em cerca de 48 horas”, afirmou, acrescentando que “uma encomenda de tigeladas demora quase um dia a chegar ao Porto ou ao Algarve a partir de Abrantes”.
Segundo Nuno Neto, que herdou o negócio dos pais e dos avós, depois deste processo, “pouco mais de 24 horas restavam ao revendedor para que o produto não começasse a secar e a perder as suas qualidades, o que inviabilizava a ideia de negócio e o consumo destes produtos na sua plenitude”.
Contando com o apoio de uma empresa especializada, o empresário de Abrantes conseguiu desenvolver um “equipamento inovador” que permitiu trabalhar o conceito de ultracongelação com as tigeladas e a palha de Abrantes.
Os doces são, então, ultracongelados, bastando que sejam colocados à temperatura ambiente para descongelarem e serem degustados a qualquer hora e em qualquer parte do mundo. “A máquina que vai permitir levar os doces em fase líquida para dentro dos fornos ainda está em fase final de montagem, mas deverá estar a produzir no início do ano”, adiantou.
A ideia esteve, recentemente, exposta no SISAB – Salao Internacional do Setor Alimentar e Bebidas, que decorreu em Lisboa, e, desde então, Nuno Neto já assinou um contrato de fornecimento com o Grupo SONAE que vai permitir que os doces comecem a estar disponíveis nas grandes superfícies comerciais nacionais a partir de 2015.
“A mostra da ideia no salão internacional permitiu ainda abrir as primeiras portas para os países com comunidades emigrantes e que procuram estes produtos típicos regionais”, contou o gestor da “Simplesmente Divinal”, que revelou que o processo de exportação está a começar a ser trabalhado com empresários sediados em França, Bélgica e Luxemburgo.
Novos postos de trabalho e aposta na divulgação
Com uma capacidade atual de produção de três mil tigeladas e 500 “palhas de Abrantes” por dia – “um processo de fabrico que requer muita mão-de-obra” – a empresa vai passar passar para uma produção de 10 mil tigeladas e duas mil “palhas de Abrantes” diárias.
Além disso, segundo Nuno Neto, vão ser criados quatro novos postos de trabalho, bem como uma imagem, embalagem e site renovados para divulgação e comercialização nacional e internacional destes doces com o apoio de empresas sediadas no Tecnopolo do Vale do Tejo.
O investimento, na ordem dos 235 mil euros, contou com um financiamento de 140 mil euros por parte da Tagus – Associação de Desenvolvimento Local, entidade que coordena os fundos dos quadros comunitários no âmbito do PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural).