Foi esta a ideia que o investigador português, Tiago Pardal, teve há alguns anos atrás. O projeto Boreas, como foi batizado, pretende ser uma forma de produzir energia elétrica através do vento de um modo mais competitivo, mais barato e com níveis de potência muito superiores aos atualmente conseguidos.
Tiago Pardal lançou a primeira patente do projeto em 2006 em coautoria com Marco Freire da Agência Espacial Europeia (ESA). Nessa altura a ideia tinha já sofrido algumas alterações relativamente ao protótipo original imaginado pelo investigador, como contou aos Boas Notícias.
Boreas absorve ventos que as atuais ventoinhas não alcançam
O Boreas consistia então num género de moinho de vento que podia atingir altitudes elevadas, estando fixo ao solo por um cabo, através do qual a potência elétrica era transferida até à superfície. “Todo o equipamento pesado está instalado no solo e a aeronave (a tal espécie de moinho) é de voo muito lento e enormes dimensões”, explicou Tiago.
A parte que flutua no ar é muito leve e pode atingir até três quilómetros de altitude, o que a torna capaz de absorver ventos mais fortes, que as atuais ventoinhas eólicas não conseguem atingir.
Desta forma, “a tecnologia Boreas permitirá produzir energia elétrica a custos mais baixos do que numa central térmica a carvão e terá o dobro do fator de carga comparativamente com com a energia de fontes eólicas atuais, ou seja, produziremos a potência instalada durante uma
proporção muito maior e mais constante do ano”, contou Tiago Pardal ao Boas Notícias.
A tecnologia do Boreas irá ter uma potência de 100 KW e vai permitir que se faça aproveitamento do vento todo o ano, já que a grandes altitudes existe sempre vento. Esta é, de resto, uma das grandes vantagens competitivas do projeto.
Projeto é lider mundial
O projeto está a ser desenvolvido pela empresa do engenheiro português, a Omnidea. O Boreas, que nasceu no pensamento de Tiago Pardal é atualmente “um trabalho de equipa”, contou o investigador. Para a segunda patente, conta com a participação do Eng. Pedro Silva, também da Omnidea.
Até agora recebeu o apoio do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional – que se dedica a aplicar a política comunitária de coesão económica e social para Portugal até 2013, e da Comissão Europeia, através do FP7 – Sétimo Programa-Quadro para a Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico – que financia pesquisas na Europa e no resto do mundo.
Neste momento, o Boreas encontra-se em fase de protótipo, mas até 2012 a equipa acredita que vai ser possível fazer demonstrações do produto.
Por agora o feedback está a ser positivo.
“Fomos apresentá-lo publicamente pela primeira vez na Airborne Wind Energy 2011 e tivemos uma muito boa recetividade, tendo sido evidente que nenhuma equipa a nível mundial tem um conceito que esteja numa fase de desenvolvimento mais avançada que a nossa”.
Rita Correia