Sociedade

Solução lusa prevê gravidade de acidentes de viação

Uma investigadora portuguesa desenvolveu um modelo matemático que permite prever a gravidade dos acidentes de viação com base na cilindrada, no peso, no ano da matrícula e a distância entre eixos das viaturas.
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Uma investigadora portuguesa desenvolveu modelos matemáticos que permitem prever a gravidade dos acidentes de viação com base na cilindrada, no peso, no ano da matrícula e na distância entre eixos das viaturas. A solução pretende melhorar a assistência médica e a segurança do parque automóvel.

por Patrícia Maia

 
Em declarações ao Boas Notícias, Guilhermina Torrão, da Universidade de Aveiro (UA), explica que o modelo matemático que desenvolveu inicialmente incluía a variável velocidade – que é considerado “o fator mais determinante na gravidade dos acidentes de viação”. 
 
Este parâmetro não foi avaliado nos modelos, uma vez que é “muito provável que os acidentes que envolvem feridos e ou vitimas mortais estejam associados a velocidades inadequadas e/ou excessivas”. Aliás, sublinha, “o acesso ao valor real da velocidade de impacte só seria acessível se os veículos tivessem equipados uma 'caixa negra'”. 
 
Tendo em consideração objetivo desta investigação, Guilhermina Torrão concentrou o seu estudo nas “características técnicas dos veículos ligeiros para averiguar qual ou quais teriam maior impacto na gravidade dos acidentes”, ou seja, a cilindrada, o peso, o ano da matrícula e a distância entre eixos.
 
Estudo recolheu dados de 1.300 acidentes
 
Para isso, a engenheira recolheu dados relativos a1.374 acidentes de viação junto da GNR do Porto para o período de 2006 e 2010 e desenvolveu, posteriormente, modelos matemáticos que permitem prever a gravidade do acidente, isto é, a probabilidade da existência de feridos graves e/ou mortos para condutores e passageiros em acidentes envolvendo um ou dois veículos ligeiros.
 
Desta forma, no futuro, será possível que “o socorro às vítimas possa ser melhorado, com as equipas de emergência médica e bombeiros a levarem para o local o equipamento de socorro ideal tendo em conta o possível cenário”.
 
Para os acidentes envolvendo um único veículo, em situações de despiste, “o modelo de previsão do risco de gravidade identificou a idade e a cilindrada do veículo como estatisticamente significativas para a previsão de ocorrência de feridos graves ou mortos”.

Relativamente à idade do automóvel, à medida que os veículos são mais velhos aumenta o risco de para os ocupantes do veículo. Por outro lado, veículos mais novos, modelos mais recentes, dispõem de sistemas de segurança mais eficazes, como ´airbags´ frontais e laterais, barras protetoras nas portas, carroçaria com estrutura de deformação programada, entre outros, o que proporciona uma maior proteção dos ocupantes durante o acidente. 
 
Nos casos de acidentes envolvendo dois veículos, isto é, colisões, o estudo verificou que “quanto maior for a cilindrada do outro veículo envolvido na colisão, maior é a probabilidade de ferimentos graves e/ou morte e vice-versa”.
 
Socorro mais eficaz e estradas mais seguras
 
A investigadora salienta a importância de alertar os condutores para a importância destas características do parque automóvel uma vez que, “em Portugal, mais de sete pessoas por dia sofrem ferimentos graves ou acidentes mortais nas estradas”, com o “país a registar 89 mortos por milhão de habitantes, uma média superior àquela que é registada a nível europeu”.
 
Os modelos desenvolvidos agora pela investigadora contaram com a colaboração do Institute for Transportation Research & Education da Universidade do Estado da Carolina do Norte (EUA). Guilhermina Torrão pretende, em breve, avançar para uma nova fase de investigação, para criar modelos “mais robustos com base numa amostra maior” a partir de “recolhas de dados da região de Lisboa”.
  
Para além do interesse para as equipas de emergência, os modelos de previsão da gravidade do acidente com base nas características técnicas dos veículos envolvidos poderão ter aplicação na indústria automóvel, de forma a que esta possa otimizar a relação de compromisso entre poder de aceleração e o design dos veículos.

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