O cancro do pulmão representa 13% dos novos casos de cancro diagnosticados anualmente em Portugal, ocupando o quarto lugar em termos de incidência – com cerca de 4332 novos casos por ano – e o primeiro ao nível da mortalidade. É perante esta realidade que a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, através das Comissões de Trabalho de Pneumologia Oncológica e Tabagismo, no âmbito do Dia Mundial do Cancro do Pulmão, assinalado a 1 de agosto, lança a campanha “Apague o seu último cigarro e acabe com este pesadelo”.
O tabaco é o principal fator de risco para o cancro do pulmão, sendo responsável por cerca de 85 a 90% dos casos pelo que, no dia em que se assinala mundialmente esta doença, se torna fundamental apelar à cessação tabágica. “O fumo do tabaco é constituído por mais de 7000 compostos químicos e, destes, cerca de 50 são reconhecidamente carcinogénicos. A maior parte dos fumadores têm conhecimento sobre os riscos associados ao tabagismo mas continuam a fumar porque são dependentes de uma substância constituinte do tabaco que é a nicotina e que causa habituação”, refere Lourdes Barradas, coordenadora da CT de Pneumologia Oncológica da SPP. De forma a combater este problema de saúde, a médica pneumologista refere ser primordial que “a nossa sociedade e os nossos governantes sejam envolvidos e os profissionais de saúde tenham uma atitude proativa atuando, por um lado, a nível da prevenção primária – através de campanhas de sensibilização para evitar a iniciação dos hábitos tabágicos nas idades mais jovens – e, por outro, na prevenção secundária incentivando os fumadores a deixar de fumar, facilitando o acesso às consultas de cessação tabágica”.
A maioria dos casos de cancro do pulmão são diagnosticados em estadios avançados facto este que incide no prognóstico e contribui para a elevada mortalidade. No entanto, apesar da elevada taxa de mortalidade, o tratamento do cancro do pulmão, em especial nos estádios avançados, sofreu “uma verdadeira revolução na última década com as terapêuticas alvo e a imunoterapia. O progresso da biologia molecular veio permitir o desenvolvimento de fármacos com impacto significativo na qualidade de vida e na sobrevivência global desta patologia. Identificaram-se alvos nas células tumorais para os quais foram descobertas terapêuticas específicas que inibem o crescimento e a multiplicação das células cancerígenas levando a um aumento da sobrevida global”, esclarece a CT de Pneumologia Oncológica.
A cessação tabágica é uma das medidas mais efetivas de prevenção do cancro do pulmão pelo que se pretende esta sensibilização dos portugueses através da campanha “Apague o seu último cigarro e acabe com este pesadelo”. “O melhor tratamento do cancro do pulmão é a prevenção, e a melhor prevenção é não fumar”, como alerta José Pedro Boléo-Tomé, coordenador da CT de Tabagismo.