Uma avó queniana é o exemplo vivo de que nunca é tarde para aprender. Aos 90 anos, Priscilla Sitinei é colega de turma de seis dos seus tetranetos na escola primária da aldeia de Ndalat, no Quénia, e já consegue ler e escrever.
Uma avó queniana é o exemplo vivo de que nunca é tarde para aprender. Aos 90 anos, Priscilla Sitinei é colega de turma de seis dos seus tetranetos na escola primária da aldeia de Ndalat, no Quénia, onde vive, e, graças às aulas que tem frequentado, já consegue ler e escrever.
Foi há cinco anos que esta antiga parteira – que ajudou ao nascimento de muitos outros alunos da escola – começou a estudar na Leaders Vision Preparatory School, aproveitando uma oportunidade que não teve quando era criança motivada pela vontade de conhecer as letras para poder ler a Bíblia sozinha.
Em entrevista à BBC News, Priscilla Sitinei confessa que quer, também, inspirar as crianças da aldeia a apostar na educação. “Há demasiados jovens que não estão na escola e que até já têm filhos. Eles dizem-me que sou muito velha, e eu digo-lhes: estou na escola e vocês também deviam estar”, conta a queniana.
“Vejo crianças perdidas, crianças sem pais, que se limitam a deambular sem esperança. Quero inspirá-las a estudar”, afirma esta avó, que é, provavelmente, a mais velha estudante do ensino primário do mundo.
Inicialmente, a escola recusou a inscrição de Priscilla Sitinei, mas quando os responsáveis da instituição se aperceberam da vontade que a nonagenária tinha de aprender decidiram ceder e incluí-la numa das turmas. Hoje, admitem estar gratos por tê-lo feito.
“Estou muito orgulhosa dela. A Gogo [como é carinhosamente chamada] tem sido uma bênção para esta escola e uma motivação para as crianças. Todas a adoram, todas querem aprender e brincar com ela”, diz, em entrevista à BBC, o diretor do estabelecimento, David Kinyanjui.
Apesar da idade, Priscilla Sitinei faz questão de participar nas aulas de todas as disciplinas, desde a Matemática e o Inglês ao Teatro, à Dança, ao Canto e até à Educação Física. Nos intervalos, e sempre com o uniforme da escola vestido, tal como os seus colegas mais novos, partilha as suas muitas histórias de vida com os outros alunos.
“Quero dizer a todas as crianças do mundo, em especial às meninas, que a educação será a sua riqueza e que não devem depender do pai. Com educação podem ser tudo o que quiserem: médicas, advogadas ou pilotos”, garante a queniana.
A avó espera agora utilizar o que tem aprendido nas novas aulas para escrever um livro sobre ervas medicinais e para partilhar os conhecimentos que adquiriu durante as várias décadas como parteira.