Ao fim de dois anos, o projeto Re-Food, que, pelas mãos de Hunter Halder, começou a distribuir a famílias carenciadas as sobras de alimentos recolhidas em restaurantes, ajuda já mais de 400 pessoas e "continua a crescer em todas as frentes".
Ao fim de dois anos, o projeto Re-Food, que, pelas mãos de Hunter Halder, começou a distribuir a famílias carenciadas as sobras de alimentos recolhidas em restaurantes, ajuda já mais de 400 pessoas e “continua a crescer em todas as frentes”. O sucesso tem sido tal que há até quem já sonhe em levar a iniciativa além-fronteiras.
Em declarações à Lusa, o norte-americano Halder, mentor do projeto, revelou que o Re-Food conta hoje com mais de 300 voluntários, ajuda mais de quatro centenas de pessoas e soma já mais de 100 parceiros, entre restaurantes, pastelarias e padarias que querem ajudar disponibilizando a quem precisa comida em bom estado que, de outra forma, acabaria no lixo.
Dois anos depois de ter arrancado, a iniciativa “continua a crescer em todas as frentes”, pelo que o balanço feito é o melhor. “Estou muito infeliz com a situação que Portugal vive, com a crise, com a espiral recessiva da economia, e com o que isso implica em termos sociais”, admite Hunter Halder.
“Mas, por outro lado, a avaliação que faço do projeto é muito positiva. As pessoas importam-se com os seus semelhantes, querem ajudar”, sublinha o mentor do projeto, que destaca que, por esse motivo, o Re-Food atravessa uma fase de crescimento “pujante”.
Para além dos centros em que o projeto funciona, na freguesia de Nossa Senhora de Fátima e em Telheiras, há cinco outros núcleos em desenvolvimento, nomeadamente na Alta de Lisboa, em Belém, em Benfica, nos Prazeres e em Marvila.
Há também outros núcleos em formação, embora ainda em estado menos avançado, na Ameixoeira e em Braga e, de acordo com Hunter Halder, há até várias pessoas que já manifestaram interesse em levar o projeto para Madrid, em Espanha.
Projeto privilegia a qualidade e o respeito pela comida
Porém, segundo o responsável, todo este processo leva tempo, sendo que, até que um núcleo esteja operacional, é preciso, em média, um ano. “É necessário reunir 12 pessoas que se comprometam a ficar responsáveis pelo projeto durante um ano e depois desenvolver um trabalho de fundo”, esclarece.
No âmbito deste 'trabalho de fundo', é preciso, ilustra, “dividir estas pessoas em pastas essenciais, como o pelouro dos restaurantes, dos voluntários ou dos beneficiários, dar-lhes formação, trabalho de cada e ver como evoluem”.
No entender de Hunter Halder, a única coisa que distingue este “franchise social” de um qualquer outro franchise comercial é que não há lucros nem dinheiro. Porém, a preocupação com a qualidade é a mesma, garante.
“Temos uma política de 100% em torno da ideia de respeito por toda a comida e do seu aproveitamento integral. A obrigação de quem se compromete a fazer este projeto é a ir a 100% das potenciais fontes de sobras, não excluir nenhum beneficiário, e também convidar as empresas e instituições a trazerem voluntários para o projeto ou a fazerem microdoações”, frisa o norte-americano.
Para 2014, o objetivo da Re-Food é “Lisboa a 100 por cento”. Hunter Halder quer, durante este ano, “levantar um projeto-piloto por cada freguesia da capital”.
Recorde-se que o projeto, que em 2011 recebeu o Prémio de Voluntariado Jovem do Montepio, começou a desenvolver-se na capital portuguesa em 2010, com o objetivo de diminuir a fome no ambiente urbano dirigindo refeições (sobras de restaurantes e outros estabelecimentos), de forma direta, às pessoas próximas das fontes de doações que passam fome.
[Notícia sugerida por Ana Oliveira]