Miguel Soares, que liderou a investigação, explica que com esta descoberta é possível saber, na prática, “quem vai ou não morrer da doença”. O objetivo é agora desenvolver um tratamento.
A doença sepsis grave, despoletada por uma infecção, caracteriza-se por uma “queda repentina da pressão sanguínea” e pela progressiva perda das funções dos órgãos. “Os órgãos param de funcionar”, o que leva à morte, explica.
O grupo de investigação descobriu que é o grupo heme, que se encontra dos glóbulos vermelhos, é libertado por estes durante uma infecção. “Até agora não se sabia porque isto acontecia”, diz.
E é este grupo heme que é o responsável pela perda de funções dos órgãos. O grupo heme, “a estrutura química que transporta o oxigénio”, contém um átomo de ferro que “mata as células dos órgãos”, de acordo com o mesmo responsável.
Ao mesmo tempo que o grupo heme se acumula no sangue, os níveis de hemopoxina, que o neutralizam, baixam. Em experiências com ratinhos de laboratórios, percebeu-se que administrando esta proteína, os ratinhos que estavam a desenvolver a doença registaram melhoras significativas.
Assim, a aplicação de hemopoxina protege os órgãos e abre portas para o tratamento da doença.
A investigação foi financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, e teve a colaboração da GEMI Fund Linde Healthcare (EUA), do Sexto Programa Quadro, do Programa Marie Curie, da Comissão Europeia, da Universidade do Missouri em Kansas City (EUA) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e FAPERJ (Brasil).