Mais de metade dos portugueses com níveis elevados de formação desenvolveram um novo produto ou serviço nos últimos três anos e 11% criaram um negócio para comercializar a sua ideia.
Mais de metade dos portugueses com níveis elevados de formação desenvolveram um novo produto ou serviço nos últimos três anos e 11% criaram um negócio para comercializar a sua ideia. A conclusão é de um estudo cujos resultados foram dados a conhecer esta quinta-feira e salienta a capacidade de inovação portuguesa.
O trabalho, coordenado por Eric von Hipper, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), foi apresentado numa conferência da Faculdade de Ciências Económicas da Universidade Católica (Católica Lisbon) e analisou a incidência da “inovação de utilizador” entre os portugueses.
Os investigadores contactaram mais de 9.000 cidadãos com elevados níveis de formação, incluindo cientistas e profissionais de saude, e obtiveram cerca de 2.200 respostas válidas. Segundo o estudo, citado pela Lusa, “61% dos portugueses com níveis elevados de formação desenvolveram nos últimos três anos um novo produto ou serviço”.
Além disso, 18% dos inquiridos no estudo são inovadores e utilizadores – expressões que se referem à criação de um novo produto ou serviço com o objetivo de usar o mesmo para resolver um determinado problema e não para ser comercializado. Entre os exemplos de inovações deste género estão a World Wide Web (WWW), o kite-surfing, o líquido corretor, algumas aplicações do iPhone ou tratamentos e equipamentos médicos.
Capacidade inovadora portuguesa superior à de países congéneres
De acordo com a Universidade Católica, no Reino Unido e na Holanda, são cerca de 15% os inovadores utilizadores. “O estudo revela a elevada capacidade inovadora dos portugueses, superior à dos cidadãos de países congéneres onde já foram realizados estudos da mesma natureza”, salienta a instituição, acrescentando que estes resultados são “excelentes notícias” para Portugal.
Segundo a universidade, este dado “tem claras implicações para as políticas públicas, pois trata-se de um tipo de inovação que tem sido genericamente ignorado pelos decisores públicos”. Além disso, também as empresas podem tornar-se mais inovadoras se tentarem comercializar as inovações desenvolvidas pelos utilizadores.
O estudo revelou ainda que cerca de 18% dos inovadores utilizadores já usaram a proteção de propriedade intelectual para os seus produtos. Quanto ao género, a percentagem de inovação é maior nos homens inquiridos – 20% -, descendo para 13% entre as mulheres. No entanto, a percentagem de inovação feminina é superior à registada noutros países, o que significa que as portuguesas são mais inovadoras.
Além de Eric von Hippel, do MIT, participaram no estudo Pedro Oliveira, da Católica Lisbon, e Joana Mendonça, do Ministério da Educação e Ciência.