Todos já tivemos vontade de, uma vez na vida, fazer uma viagem sem destino ou horários rígidos. Foi a pensar nisso que Tiago Barros, um arquiteto português de sucesso no estrangeiro, projetou aquele que se considera ser o transporte mais sustentável de sempre, um género de zepelim que flutua sobre as nuvens ao sabor do vento.
O Passing Cloud é um projeto, definitivamente, inovador. Numa altura em que o estilo de vida não deixa espaço para sair dos horários e da rotina, este transporte pretende mudar a forma como as viagens são vistas. A ideia é simples e já recebeu muitos aplausos no panorama internacional.
“É um objeto em forma de nuvem que tem a capacidade de subir à altura desejada através da injeção de ar quente e descer à terra através da injeção de ar frio. Na sua essência, é o vento que empurra a Passing Cloud”, contou o autor ao Boas Notícias.
Apesar do vento ser o “motor” do transporte, os passageiros usufruem de uma viagem calma, em que não são sentidas oscilações, parecendo que estão a flutuar.
Viajar ao sabor do vento sem destino
A ideia foi concebida para os Estados Unidos, como resultado de um concurso: “O projeto foi desenvolvido para um concurso internacional de ideias para sugerir propostas alternativas para a construção do TGV pelos EUA”.
“A esta altura, seria uma desgraça retalhar o país ainda mais, daí esta ideia ecológica que minimiza bastante o impacto do 'carbon footprint' (pegada de carbono) no Mundo”, acrescenta. Por isso, o Passing Cloud “é a antítese do TGV… É como sair de casa à aventura, sem saber para onde ou quanto tempo demora”.
“Porquê viajar a alta velocidade? Porquê ter o destino sempre definido? E porquê ter sempre as partidas e chegadas rigidamente programadas?”. São estas as perguntas que Tiago coloca no texto de apresentação e às quais responde com o Passing Cloud cujo objetivo é fazer as pessoas reconsiderarem o ato de viajar.
Este género de zepelim é constituído por um conjunto de vários balões que unidos formam uma nuvem. O Passing Cloud é formado por uma estrutura de aço inoxidável coberta com tecido de nylon bastante pesado. Os desenhos até agora criados estimam que tenha dimensões semelhantes à de um estádio de futebol, disse Tiago Barros.
Transporte pode salvar vidas em situações de emergência
Mas esse não é o único interesse do autor. “O potencial de um objeto destes é fantástico, pois poderia ser utilizado em situações de emergência, como terramotos, ou para levar passageiros a locais antes impossíveis de lá chegar, ou mesmo para elevar os passageiros para alturas elevadas com vistas fabulosas sobre a paisagem”, garante o arquiteto.
Apesar de, até ao momento, o projeto estar apenas no papel e do autor confessar que “ainda é muito cedo para avançar com números” relativos a custos de investimento, o arquiteto está disponível para receber propostas.
Tiago Barros tirou o bacharelato em Arquitetura na Universidade Lusíada, em Lisboa e continuou a sua formação no estrangeiro. O português trabalhou também em Londres no Research and Development – Advanced Modeling da Aedas Architects. Participou ainda no investimento Abu Dhabi Investment Council Headquarters e fez parte da equipa do World Trade Center Memorial Museum.
Para ver mais imagens do Passing Cloud visite o site de Tiago Barros, clicando aqui.
[Artigo corrigido a 02/11/2011 às 17h40]