Já começou a ser implementado oficialmente o projeto “Arrebita! Porto”, que promete reabilitar edifícios degradados do centro histórico do Porto a custo zero. O programa envolve estudantes, arquitetos, engenheiros e empresas, tanto do âmbito nacional como internacional.
O “Arrebita! Porto” arrancou oficialmente esta quarta-feira, na Câmara Municipal do Porto, mediante a assinatura de um protocolo entre os parceiros envolvidos, entre os quais a Fundação Gulbenkian, a CM do Porto e a Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense.
Os fundadores do projeto querem contrariar a tendência revelada pelos dados do Census 2011, que indicam que, só na última década, o centro do Porto perdeu um terço da sua população, em parte devido ao estado de abandono em que se encontram os edifícios.
Dinheiro em segundo plano
A equipa, constituída maioritariamente por jovens, está a mobilizar um esquema colaborativo, que não envolve a mobilização de dinheiro, e com o qual todas as partes envolvidas beneficiam.
Esta solução permite que, por um lado, os proprietários mais carenciados têm o seu problema resolvido. Por outro oferece a estudantes, portugueses e estrangeiros, a possibilidade de pôr em prática aquilo que aprenderam.
Além disso, as universidades podem analisar novos casos de estudo e as empresas doam material e serviços de acordo com o regime previsto de mecenato social (que lhes permite deduzir custos de IRC).
O objetivo é, de acordo com as declarações de José Paixão à agência Lusa, deixar para segundo plano “o uso do dinheiro na aquisição de valor” e garantir que o investimento seja feito com base “em trocas e contrapartidas de serviços”.
O jovem de 28 anos, formado em Londres, está agora na sua terra natal a desenvolver o projeto com o qual venceu 50 mil euros e o título de vencedor da primeira edição do FAZ – Ideias de Origem Portuguesa, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Talento.
Projeto-piloto na Rua da Reboleira
Para já, a ideia vai começar a ser aplicada num projeto-piloto que envolve a reabilitação do edifício 42-46 da Rua da Reboleira, situado na zona da Ribeira.
Ao Porto já chegaram cinco estudantes internacionais que vão iniciar o projeto com os trabalhos de limpeza e levantamento do edifício, para depois ser iniciada a reabilitação propriamente dita, prevista para setembro de este ano.
Os pisos superiores do edifício deverão destinar-se à habitação em regime social e, os restantes, à incubação de uma empresa start-up de indústrias criativas. A obra deverá terminar em 2014.
Se tudo funcionar como previsto, serão depois reabilitados outros edifícios do Porto, espera José Paixão, também de outras cidades.