O projeto surgiu no ano passado e para Susana Marçal, coordenadora do Centro de Acolhimento e Inserção Social da Integrar, esta é uma iniciativa que pode mudar mentalidades, sobretudo entre alguns grupos de universitários que muitas inflingem maus-tratos aos sem-abrigo, durante as festas académicas. Sobretudo, há também a vontade de mostrar que estas situações de pobreza extrema podem acontecer a qualquer um.
“É uma forma de mostrar aos estudantes que estas pessoas já tiveram uma vida normal e não devem ser desprezadas nem maltratadas. Eles acabam por levar consigo muito daquilo que vêem na rua. Muitos não têm noção de que, quando um sem-abrigo vai para um centro, tem de reaprender tudo: desde a higiene pessoal, a como estar sentado a uma mesa, ao porquê de ter de cumprir horários”, explica Susana Marçal ao Jornal de Notícias.
Patrícia Damas, estudante de psicologia de 21 anos e um dos dois elementos fixos da DG/AAC, nestas rondas, já foi surpreendida por um desses casos: “Há uns tempos, um senhor veio buscar comida com um saco cheio de livros. Já tinha uma certa idade, o discurso era cuidado… Foi das situações que mais me sensibilizaram”, conta a estudante.
A principal meta da DG-AAC neste monento é conseguir distribuir a “Refeição (de)vida” quinzenalmente.
Há falta de apoios fixos e patrocínios, mas Patrícia Damas garante ao Jornal de Notícias que a equipa está a “tentar estabelecer mais contactos, por exemplo, com indústrias de carne, às quais três ou quatro quilos a menos não fazem diferença”.