Portugal seduziu o artista e fotógrafo que veio visitar o país por acaso e acabou por cá ficar uma década. “Assim que cá cheguei apaixonei-me. Fiquei mais um dia, depois mais uma semana, depois dez anos”, diz Stanislas Kalimerov à Lusa.
Apesar de já ter percorrido 53 países, foi a singularidade do olhar dos portugueses que o fascinou. “Olham as pessoas nos olhos, transmitem-me uma surpresa permanente, um espírito de descoberta, falam com o coração, dizem poesia nas coisas mais corriqueiras. Descobriram meio mundo e fizeram uma revolução com cravos, onde é que se encontram pessoas assim?”, explica o artista.
“Se mais mundo houvera, lá chegara”, é com estas palavras de Luíz Vaz de Camões que Stanislas Kalimerov explica o sentimento que o olhar dos portugueses lhe provocou, referindo-se à “história e a alma desse povo que está por todo o mundo”.
Retratos a preto e branco porque “a alma não tem cor”
Demorou três anos a fotografar, com uma câmara analógica, os rostos de 30 jovens portugueses no Bairro Alto, em Lisboa. Os retratos são resultado do “primeiro disparo” da câmara e estão a preto e branco, porque, segundo o artista, “a alma não tem cor”.
Os portugueses tiveram apenas de se vestir de branco e/ou negro e, apesar de desconhecerem o motivo que levara Stanislas Kalimerov a fotografá-los, emocionaram-se com o resultado final.
À procura do “olhar português” pelo mundo
Tendo em conta os bons resultados, este artista pretende estender o projeto e fotografar o “olhar português” em todos os países lusófonos. No entanto, o projeto depende de apoios e financiamentos que, com a crise, são escassos.
“A intensidade e a afetividade do olhar português, e esta paixão, claro, fazem com que eu consiga distinguir um português onde quer que seja, onde quer que o encontre, fazem com que eu consiga encontrar raízes portuguesas nos africanos, nos indianos, nos sul-americanos”, conta.
19 dos 30 retratos de “Um olhar português” já foram expostos no Convento dos Inglesinhos (Lisboa), em 1995, e encontram-se agora, com entrada livre, em Paris.
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