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Organização jornalística expõe mundo dos ‘offshores’

São milhares de ficheiros (até agora) secretos que revelam o uso e abuso de contas 'offshore' e paraísos fiscais por parte de empresas, multimilionários, políticos e outras entidades.
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São milhares de ficheiros (até agora) secretos que revelam o uso e abuso de contas 'offshore' e paraísos fiscais por parte de empresas, multimilionários, políticos e outras entidades um pouco por todo o mundo. Os dados foram revelados por uma organização internacional de jornalismo de investigação. 

O International Consortium of Investigative Journalists expôs o acesso a milhões de ficheiros com dados de mais de 120 mil empresas e contas 'offshore' envolvendo negócios de políticos, criminosos e bilionários de todo o mundo.
 

O ICIJ afirma, em comunicado, que os documentos a que teve acesso representam “a maior quantidade de informação confidencial sobre o sistema financeiro dos 'offshores' alguma vez obtida por uma organização de media”. Apenas alguns ficheiros estão disponíveis no site do ICIJ, mas a organização está a distribuir os documentos por vários meios de comunicação, em diversos países, para que avancem com investigações. 
 
Os registos contêm dados detalhados das contas de empresas e indivíduos de mais de 170 países e territórios. “O tamanho total dos ficheiros, medidos em gigabytes, é mais de 160 vezes maior do que a fuga de informação dos documentos dos Departamento de Estados dos EUA a que a Wikileaks teve acesso em 2010”, lê-se no comunicado da organização.
 
De acordo com a informação divulgada, são vários os casos de membros de governos e seus familiares, em dezenas de países, que escolheram apostar no sigilo bancário e nas contas ‘offshore’.

Os ficheiros secretos a que o ICIJ teve acesso revelam transferências bancárias e ligações entre indivíduos e empresas que confirmam o crescimento exponencial do mundo secreto dos 'offshore', permitindo que os mais ricos e mais bem relacionados escapem aos impostos e obtenham benefícios que alimentam a corrupção e aumentam o fosso entre ricos e pobres.

O ICIJ recorda que, segundo as instituições de combate à corrupção, o secretismo do mundo financeiro 'offshore' boicota o funcionamento das leis e força o cidadão comum a pagar impostos mais altos para compensar os valores que foram desviados para os paraísos fiscais.

Uma máquina secreta
 

Ainda segundo o ICIJ, os multimilionários recorrem a complexos esquemas de ‘offshore’ para adquirir mansões, iates, obras de arte e outros bens. São estratagemas que lhes permitem escapar aos impostos de uma forma anónima e através de métodos que não estão disponíveis ao resto dos cidadãos. 
 
Além disso, indica o ICIJ, muitos dos bancos internacionais – incluindo o UBS e o Deutsche Bank – têm recomendado aos seus próprios clientes, de uma forma cada vez mais agressiva, o registo de empresas em paraísos fiscais como as Ilhas Virgens Britânicas.
 
Esta indústria secreta alimenta também um sem fim de advogados, contabilistas e outros intermediários que ajudam os donos das contas 'offshore' a manter as suas identidades e os seus negócios anónimos, garantindo, em alguns casos, milionários negócios de lavagem de dinheiro relacionados com tráfico de armas e outros crimes.
 
“Nunca vi nada assim. Este mundo secreto foi finalmente exposto”, disse, citado pelo ICIJ, Arthur Cockfield, um professor de Direito e perito em impostos da Universidade de Queen’s, no Canadá, que teve acesso a alguns dos documentos.

O especialista afirma que estes ficheiros lhe fazem lembrar uma cena mítica do Feiticeiro Oz: o momento em que as personagens “puxam a cortina e vêem o feiticeiro a operar uma máquina secreta.”

Clique AQUI para aceder ao site do ICIJ e consultar o comunicado oficial (em inglês).

[Notícia sugerida por Nuno Fonseca]

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