[Por Madalena Lobo, Psicóloga Clínica]
De facto, quando avaliamos com algum detalhe, esta expressão apenas se refere a um comportamento do qual nos estamos a desresponsabilizar, o que é algo preocupante porque responsabilidade e liberdade individual andam de mãos dadas.
Se eu assumo que faço o que faço porque assim tem de ser, porque é o que sempre fiz em idênticas circunstâncias, porque entendo que existe um acordo social nesse sentido, ou assim comandam as regras que aprendi e que não questiono, estou a abrir mão do livre exercício da liberdade de escolha e decisão. Não será por acaso, seguramente, que atrás de uma explicação “tive que” vem habitualmente algo de que a pessoa não se orgulha ou a deixa desconfortável ou mesmo infeliz.
Na maioria dos casos, quando existe contexto ou tempo para explorar um pouco o tema específico, verifica-se que a pessoa não se lembrou que
E isto é verdadeiramente triste – impede o crescimento pessoal, vai retirando capital de auto-confiança, erodindo a auto-estima e amolecendo a criatividade que nos é necessária para desenhar caminho
Deixo-lhe uma sugestão: ao longo dos próximos dias, escute o seu discurso atentamente e repare nas vezes que diz (ou pensa): “Tive que…”. Quando reparar nisso, substitua por “Eu decidi…”.
Depois, assim que tiver um minuto em que possa reflectir, reveja essa decisão: que alternativas existiam mesmo? Quais as suas vantagens e desvantagens de curto e longo prazo, para si e para os que o rodeiam? O que o levou realmente a tomar a decisão que tomou? Até que ponto está satisfeito com essa decisão? E, a pergunta a que queremos chegar: No futuro, em idênticas circunstâncias, irá repetir o padrão de comportamento que teve desta vez ou exercer uma escolha determinada e consciente e fazer diferente?).
[Madalena Lobo é Diretora Geral da Oficina de Psicologia. Para saber mais sobre este projeto visite www.oficinadepsicologia.com ou http://www.facebook.com/oficinadepsicologia]