No mês em que ocorre o solstício de Verão, marcando o início do Verão no hemisfério Norte e Inverno no hemisfério Sul, vamos ter oportunidade de observar a Lua de forma diferente.
No mês em que ocorre o solstício de Verão, marcando o início dessa estação no hemisfério Norte e do Inverno no hemisfério Sul, vamos ter oportunidade de observar a Lua de forma diferente. No dia 23 de Junho, o céu recebe uma Lua cheia e imponente, fenómeno que é designado por Super Lua e no qual o satélite natural da Terra pode ser visto com um tamanho até 14% maior e 30% mais brilhante.
por João Retrê (astrónomo)
A Lua completa uma órbita em torno da Terra a cada 27,32 dias e encontra-se a uma distância média de 384.400 quilómetros. Falamos em distância média pois a órbita da Lua não é circular mas sim elíptica e, como tal, esta não se encontra sempre à mesma distância do nosso planeta.
Assim sendo, todos os meses, a Lua passa por um ponto da sua órbita em que se encontra mais próxima da Terra (perigeu) e outro em que se encontra mais distante (apogeu). Devido às forças gravitacionais dominadas pelo Sol, a Lua sofre pequenas variações na sua órbita, fazendo com que a distância a que se encontra da Terra no perigeu e apogeu variem em cada órbita completa. No perigeu e apogeu médios, a distância Lua-Terra é de 363.100 e 405.700 quilómetros, respetivamente.
Quando a Lua se encontra no perigeu, o seu tamanho aparente e brilho aumentam para um observador na Terra, pois encontra-se mais perto de nós. Este aumento no tamanho e brilho é mais proeminente quando se dá um fenómeno bastante raro designado por Lua Cheia no Perigeu, no qual a fase de Lua cheia coincide com o momento da sua passagem no perigeu.
Nas raras ocasiões – com intervalos de dezenas de anos – em que isto acontece, podemos observar a nossa lua com um tamanho cerca de 14% maior e 30% mais brilhante comparativamente com uma lua cheia no apogeu [ver figura abaixo].
Este esquema elaborado pelo astrónomo João Retrê reflete a diferença de tamanho com que a Lua Cheia é percecionada a partir da Terra no Perigeu e no Apogeu – Foto da Lua @ NASA/Sean Smith
Nos últimos anos, surgiu o novo termo de Super Lua que tem vindo a tornar-se cada vez mais popular. Contudo, é necessário frisar que uma Super Lua não é o mesmo que uma Lua Cheia no Perigeu. Ao contrário desta última, em que a Lua cheia coincide exatamente com o perigeu, uma Super Lua ocorre sempre que a Lua se encontra em fase cheia e a pelo menos 90% da sua maior aproximação à Terra numa dada órbita. A Super Lua é relativamente comum mas, mesmo assim, acontece apenas, em média, uma vez por ano. Por outro lado, devido à variação da distância Lua-Terra no perigeu, nem todas as Super Luas têm o mesmo tamanho aparente e brilho.
No próximo dia 23 de Junho, a Lua passará no perigeu às 12:11 (hora legal de Portugal continental) e atingirá a fase de Lua cheia às 12:32 fazendo com que haja 21 minutos de diferença entre ambos os acontecimentos. Desta forma, a Lua de dia 23 não será uma Lua Cheia no Perigeu mas sim um Super Lua pois o nosso satélite natural estará ainda próximo do perigeu aquando da sua fase de Lua cheia. Mesmo assim, esta será a Super Lua mais imponente até Agosto de 2014.
Neste 23 de Junho, a Lua nascerá às 21:06 e por isso não será possível observar o instante em que passará no perigeu. No entanto, não deixará de ser uma boa oportunidade para a observar à noite pois terá uma dimensão e brilho bem maior que o habitual.
Qual será a melhor forma para observar a diferença no tamanho da Lua neste dia? Se olharmos para a Lua quando esta estiver bem alto no céu torna-se mais difícil distinguirmos qualquer diferença entre o tamanho desta lua cheia e de outras que estamos habituados a ver, porque não temos pontos de referência no céu para nos oferecerem uma noção de escala. Assim sendo, a melhor altura para observar a Lua é logo após o seu nascimento, quando ainda se encontra perto do horizonte, onde árvores e edifícios nos podem fornecer uma noção de escala.
Sessão de observação no OAL com entrada livre
Diversos desastres naturais têm sido atribuídos ao fenómeno da Super Lua, alegando que devido à proximidade desta no perigeu, as forças gravitacionais da Lua na Terra causam terramotos e cheias de grandes proporções. Há muitos anos que têm vindo a ser recolhidos dados que correlacionam a ocorrência de terramotos e este fenómeno astronómico, mas sem qualquer resultado positivo.
É verdade que quando a Lua se encontra mais próxima do perigeu, ocorrem marés mais altas na Terra devido ao seu efeito gravitacional, mas a variação da altura nestas marés, causada pela proximidade da Lua, é de apenas alguns centímetros (2 ou 3) e, nos casos mais extremos, até 15 centímetros (o que não é de todo uma grande cheia).
Assim sendo, podemos descontrair e aproveitar este espetáculo astronómico que dá as boas vindas ao Verão. Para facilitar a observação desta Lua, o Observatório Astronómico de Lisboa vai realizar uma sessão especial de observação da Super Lua no dia 23 de Junho, a partir das 20:30. A sessão é de entrada livre e não requer qualquer inscrição.
O Observatório Astronómico de Lisboa e o Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa, têm promovido ao longo dos anos actividades de astronomia e astrofísica como cursos, visitas, palestras e observações astronómicas para o público em geral e formação especializada para a comunidade académica.
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O Observatório Astronómico de Lisboa e o Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa, têm promovido ao longo dos anos atividades ligadas à astronomia e astrofísica como cursos, visitas, palestras e observações astronómicas para o público em geral e formação especializada para a comunidade académica.
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