por Dr. Nuno Palas, nutricionista
O outono e o frio chegaram em força. E com eles um ótimo período para muitas famílias portuguesas, uma vez que agora reintroduzem a sopa na dieta alimentar. O verão é propício a refeições mais leves e frescas, e a sopa, fundamental para miúdos e graúdos, acaba por ser ingerida poucas vezes ou quase nunca.
Por isso, bem-vindo outono, bem-vindo frio!
A sopa é um alimento muito interessante sob o ponto de vista nutricional, em qualquer estado e em qualquer idade. É ainda fundamental num regime de perda de peso por ser baixo em calorias, mas muito rico em nutrientes – tem uma elevada densidade nutricional.
E, claro, não há sopa como a nossa, como a portuguesa. Aliás, é um dos alimentos que os portugueses a viver fora do país sentem mais falta.
A sua qualidade nutricional é inegável, fundamentalmente por ser rica em vitaminas, minerais, fibra, antioxidantes e água. Se for enriquecida com leguminosas (feijão, grão, lentilhas) pode ser ainda uma fonte interessante de ferro, cálcio e fósforo, por exemplo.
Existem variadíssimas sopas e não há fórmulas perfeitas, nem erradas. Cada uma tem a sua “alma” gastronómica e todas, desde que bem feitas, serão um alimento que enriquecerá qualquer dieta alimentar. É frequente perguntarem-me qual ou quais as melhores sopas e a minha resposta não varia – qualquer uma! Pode, inclusive, para espanto de muitos, conter batata, apesar de eu preferir o uso de leguminosas como base, principalmente quando ela é o principal da refeição.
No entanto, há dois perigos a ter em consideração. O principal é o sal. A sopa é, segundo alguns estudos, um dos alimentos que mais contribui para ingestão de sal em excesso. A solução passa pelo uso de ervas aromáticas ou pelo treino do palato para redução do sal.
O outro cuidado é a adição de gordura. Apesar de lhe poder conferir mais algum sabor, começar a sopa pelo refogado/estrugido dos legumes, mesmo que não implique a adição de mais gordura (azeite), vai inevitavelmente criar um alimento final com um maior teor de gordura saturada. Colocar o azeite “em cru” já depois da sopa finalizada é a melhor solução.
Por isso, não se esqueça: enriqueça a sua alimentação com nutrientes reguladores (fundamentais para o normal funcionamento do organismo), nutrientes protetores (importantes nos estados gripais) e água – através da ingestão de sopa – mantendo uma baixa ingestão de sal e preservando, em cru, a melhor gordura, o azeite.