Um projeto multidisciplinar coordenado pelo Centro de Química da Universidade do Minho (UMinho) está a desenvolver novos compostos para ensaios clínicos e posterior aplicação como fármacos que inibam o crescimento dos tumores e a vascularização.
Um projeto multidisciplinar coordenado pelo Centro de Química da Universidade do Minho (UMinho) está a desenvolver novos compostos para ensaios clínicos e posterior aplicação como fármacos que inibam o crescimento dos tumores e a vascularização (processo que fornece oxigénio e nutrientes às células tumorais). Além disso, as soluções em causa poderão também melhorar o combate às metástases.
Em comunicado, a UMinho explica que a investigação em causa está a ser coordenada por Maria João Queiroz, do Centro de Química daquela universidade, na área da química orgânica, em articulação com especialistas de química computacional do Instituto Politécnico de Bragança e de biologia celular e molecular da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
De acordo com a especialista, os compostos em causa destinam-se a combater a angiogénese tumoral, processo de vascularização responsável por “alimentar” as células tumorais, bem como a impedir a progressão dos tumores.
A investigação “centra-se na inibição de recetores membranares de fatores de crescimento celular, de tirosina cinase, envolvidos no crescimento e diferenciação tanto de células tumorais, como de células endoteliais”, explica Maria João Queiroz.
Segundo a responsável, “ao inibir estes recetores nos dois tipos de células estamos a evitar que o tumor cresça e vascularize”. Em complemento, o tratamento “pode ser dual, tratando o tumor e evitando a metástase”.
Objetivo é levar os compostos à fase de testes clínicos
A diretora do Centro de Química da UMinho frisou que a obtenção de novos compostos, completamente caraterizados, tem por objetivo a entrada nos exigentes testes clínicos da indústria farmacêutica.
No entanto, “tudo depende também da toxicidade dos compostos”, já que alguns “apresentam concentrações de inibição na ordem dos 10 nanoMolar, o que é considerado um resultado excelente, e se estes compostos não forem tóxicos, têm uma grande potencialidade para serem aplicados na terapêutica”, afirmou.
Neste caso, esclareceu Maria João Queiroz, poderão depender apenas dos testes farmacológicos, que determinarão a sua utilização clínica, pois “nestas áreas relacionadas com o cancro é de todo o interesse desenvolver novos e eficazes fármacos com baixa toxicidade”.
Este projeto científico, do qual a UMinho é a instituição proponente, tem financiamento da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia e a publicação conjunta dos resultados finais acontecerá até final do ano.