Uma bióloga lusa descobriu uma nova espécie de escaravelho naquela que é a mais profunda gruta do planeta, na Abecássia. Neste lugar, também conhecido como o maior abismo do mundo, o inseto encontrado por Ana Sofia Reboleira vive em total escuridão,
Uma bióloga lusa descobriu uma nova espécie de escaravelho naquela que é a mais profunda gruta do planeta, na Abecássia. Neste lugar, também conhecido como o maior abismo do mundo, o inseto encontrado por Ana Sofia Reboleira vive em total escuridão, sem asas e sem quaisquer tipo de olhos viáveis.
Com “cerca de sete milímetros de comprimento, despigmentado e com um alargamento das antenas”, para compensar a falta de visão, o novo escaravelho apresenta um conjunto de características desenvolvidas em função de uma vida sem luz, bem como das condições inóspitas encontradas na gruta.
O mesmo foi batizado com o nome científico de 'Duvalius abyssimus', em alusão “ao maior abismo da terra, onde foi encontrado”. Localizado na Abecássia, uma área remota perto do Mar Negro, nas montanhas do Cáucaso, o mesmo corresponde à gruta Krubera-Vorónia, cuja profundidade quase alcança os 2.200 metros abaixo do nível do solo.
“É a única caverna do mundo que ultrapassa os dois quilómetros de profundidade, sendo considerada a última fronteira da exploração biológica na terra e apelidada por alguns como o 7.º continente”, revela a bióloga à Lusa.
Nas grutas onde a temperatura ambiente “é inferior a 5º C”, a prospecção biológica exige “uma grande preparação técnica, física e uma grande resistência psicológica”, sendo necessário permanecer “vários dias no interior da Terra” para onde “todo o equipamento é transportado pelos expedicionários ao longo dos seus mais de dois quilómetros de profundidade”.
A nova espécie de insecto foi recolhida durante os trabalhos bio-espeleológicos coordenados por esta bióloga da Universidade de Aveiro e pelo seu colega espanhol Alberto Sendra, do Museu Valenciano de História Natural, durante as expedições Ibero-Russas do Cavex Team – International Cave Exploration Team à gruta mais profunda do mundo em 2010 e 2013.
A descoberta foi, agora, descrita pela cientista portuguesa, em colaboração com Vicente M. Ortuño, da Universidade de Alcalá, em Espanha, e publicada na revista científica 'Zootaxa'.
O feito vem juntar-se a outras cinco espécies novas encontradas na mesma gruta por Ana Sofia Reboleira, investigadora de pós-doutoramento no Departamento de Biologia e no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro, onde desenvolve trabalho de investigação, centrado sobretudo na área da Biologia Subterrânea.