Foi no final dos anos 60, pela mão de António Gonçalves, um homem apaixonado por flores, que despontou a indústria das flores de corte na zona do Montijo. Hoje em dia, a região colhe, todos os dias, 500 mil flores, dando emprego direto a 1.000 trabal
Foi no final dos anos 60, pela mão de António Gonçalves, que despontou a indústria das flores de corte na zona do Montijo. Hoje em dia, a região colhe, todos os dias, 500 mil flores, dando emprego direto a 1.000 trabalhadores.
por Patrícia Maia
Quem assistiu, esta segunda-feira, à estreia da novela Rainha das flores, na SIC, teve a oportunidade de ver algumas das estufas do Montijo, onde crescem mais de meio milhão de flores por dia.
Passaram cerca de 45 anos desde que António Gonçalves, o fundador da empresa Florisul, construiu com as próprias mãos a sua estufa, dando origem àquela que hoje é uma das principais indústrias do Montijo e arredores: a floricultura de corte.
Hoje em dia, a região tem mais de 15 empresas de produção de flores de corte garantindo 70 por cento da produção nacional e alberga a maior área de produção de gerberas em estufa da Península Ibérica. Um negócio que, a nível nacional, movimenta 500 milhões de euros por ano.
Vítor Araújo, vice-presidente da Associação Portuguesa de Produtores de Plantas e Flores Naturais (APPPFN), cresceu entre as flores cultivadas nas estufas de António Gonçalves. “O negócio foi crescendo e muitos trabalhadores acabaram por se instalar por conta própria, como foi o meu caso”, conta ao Boas Notícias.
A Florineve foi lançada há 20 anos por Vítor Araújo e pela sua mulher tem por base apenas um hectare e cinco funcionários. Hoje em dia, a empresa tem 20 hectares e 100 trabalhadores.
O vice-presidente da APPPP considera que o sucesso deste setor, na região do Montijo, Alcochete e Palmela, está diretamente relacionado com a aposta dos empresários locais na inovação. “Estamos atentos e vamos com frequência à Holanda para perceber como melhorar o funcionamento das estufas, as técnicas de controle das temperaturas, o combate às pragas, no fundo, tudo o que ajude a otimizar o processo”, salienta Vítor Araújo.
Cravos, gerberas, margaridas e rosas são as principais flores cultivadas mas no Montijo crescem, no total, mais de 50 espécies, incluindo verduras e folhagens
O responsável sublinha que, em contra-ciclo com a maior parte das indústrias, neste setor as importações diminuíram, em cerca de 20 por cento, e as exportações aumentaram na ordem dos 10 por cento.
É nas estufas da Florineve que a SIC tem estado a gravar vários episódios da novela Rainha das Flores. Um destaque no pequeno ecrã que, espera Vítor Araújo, resulte numa maior projeção deste setor. “Espero que esta novela mostre às pessoas a qualidade das flores de corte em Portugal e que estimule o seu consumo, até porque muitos consumidores pensam que as flores vendidas no nosso país vêm de fora”.
Nada mais errado: neste momento, o setor assegura 90 por cento do consumo interno e, graças à melhoria nos métodos de transporte, até já exporta, por avião, para fora da Europa, como é o caso de Angola. Em breve, com o desenvolvimento das técnicas de corte e transporte, quem sabe as flores portuguesas consigam chegar cada vez mais longe.