A descoberta só foi possível graças à nova geração de telescópios, que permitiu aos astrónomos identificar a presença de PO em duas regiões da galáxia W51 e1/e2 y W3 (OH). A molécula pré-biótica, resultante da combinação química do fósforo (P) com o oxigénio (O), é fundamental na formação do esqueleto do ADN.
Os resultados surpreenderam os astrónomos: a abundância de fósforo naquelas regiões é mais de 10 vezes superior ao que se pensava até à data, segundo as conclusões publicadas no "Astrophysical Journal".
O trabalho resultou da cooperação entre investigadores do Centro de Astrobiologia de Espanha (CAB, CSIC-INTA), do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre da Alemanha e do Observatório Astrofísico di Arcetri (INAF-OAA), em Itália.
"Este estudo evidencia que o fósforo é um ingrediente relativamente abundante para cozinhar estrelas e sistemas planetários, e possivelmente também para a vida", explica Francesco Fontani (INAF-OAA), astrofísico italiano.
Jesús Martín-Pintado, astrofísico no CAB CSIC-INTA, completa: "até agora, só moléculas com hidrogénio, carbono, oxigénio e nitrogénio tinham sido estudadas em detalhe nas regiões onde nascem as estrelas. Depois desta descoberta podemos começar a estudar a química do fósforo no meio interestelar, que nos dará pistas fundamentais para entender como se pôde desenvolver a complexidade química no espaço até à formação de moléculas diretamente relacionadas com a vida".
"Estávamos muito interessados em encontrar PO no berço das estrelas, porque isso significaria que um dos componentes básicos do ADN está já disponível no gás a partir do qual se formam os planetas nos quais esperamos que possa haver vida", diz Victor M. Rivilla, astrofísico espanhol, em comunicado.
"Há alguns anos descobrimos a presença do açúcar mais simples, o gliceraldeído, numa região onde se formam estrelas. Os açúcares e os compostos do fósforo formam o esqueleto sobre o qual as nucleobases do ADN se baseiam. Assim, passo a passo, estas investigações estão a ajudar-nos a perceber como poderia a vida ter-se originado no espaço", conclui Maite Beltrán, do Osservatório Astrofísico di Arcetri.
Notícia sugerida por André Luís