O resultado é mais rápido que as previsões anteriores, que sugeriram que o processo de solidificação do CO2 poderia demorar centenas ou milhares de anos a ser concluído. O estudo, publicado no passado dia dez, na revista Science, faz parte do Carbfix, um projeto-piloto, lançado em 2012 na central geotérmica de Hellisheidi, na Islândia.
Os cientistas e engenheiros envolvidos no projeto experimentaram combinar o CO2 e outros gases com água, e canalizar a mistura para o subsolo. O objetivo era desenvolver um método seguro para armazenar CO2, evitando que o gás escape para a atmosfera e contribua para o aquecimento global.
A central de Hellisheidi, que fornece energia à capital islandesa, Reykjavik, bombeia água vulcânica aquecida com energia geotérmica subterrânea para fazer as turbinas funcionarem.
O processo produz 40.000 toneladas de CO2 por ano. Embora corresponda apenas a 5% das emissões de uma central a carvão do mesmo tamanho, a quantidade é significativa.
Tecnologia necessária
Durante anos, os investigadores sugeriram métodos de captura e armazenamento de gás carbónico como este, mas houve dificuldades no desenvolvimento da tecnologia necessária.
Na natureza, o basalto em contacto com o CO2 e a água produz uma reação química que resulta em um mineral calcário branco. O aproveitamento do basalto subterrâneo de Hellisheidi revelou-se óptimo, com 95% do CO2 injetado solidificado em menos de dois anos.
“Isso significa que podemos bombear para o subsolo grandes quantidades de CO2 e armazená-lo de uma maneira muito segura num curto período de tempo”, diz Martin Stute, hidrologista do Observatório da Terra da Universidade de Columbia, nos EUA, e um dos autores do estudo.
“No futuro, poderíamos pensar em usar este método em centrais nucleares em lugares onde haja muito basalto – e há muitos lugares assim”, acrescenta Stute.
Segundo os pesquisadores do estudo, a maior parte do relevo oceânico do mundo e cerca de 10% das rochas continentais são compostos por basalto.
Um relatório de 2014 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas alertou, que se não dominássemos a tecnologia de captura e armazenamento de gás carbónico, poderia ser impossível limitar adequadamente o aquecimento global.
A maior parte das experiências anteriores não foi bem-sucedida, porque o CO2 puro foi injetado em arenito ou aquíferos salinos, em vez de misturar o gás com água e armazená-lo no basalto.
O basalto, uma rocha porosa, é rico em cálcio, ferro e magnésio, minerais que são necessários para solidificar o carbono para o armazenamento, de acordo com os pesquisadores.
Poderá não haver uma solução global, única, para o problema do aquecimento global. Talvez haja na realidade pequenas soluções para partes do problema, e esta pode ser uma delas.
O conteúdo Método transforma gazes de efeito de estufa em pedra aparece primeiro em i9 magazine.