A interpretação da sua obra não é consensual. O público acusa-a muitas vezes de ser enfadonha. A crítica não lhe poupa elogios. Opiniões à parte, o realizador Manoel de Oliveira faleceu esta quinta-feira aos 106 anos, deixando saudade e orgulho.
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A interpretação da sua obra não é consensual. O público acusa-a muitas vezes de ser enfadonha. A crítica não lhe poupa elogios. Opiniões à parte, o realizador Manoel de Oliveira, que faleceu esta quinta-feira aos 106 anos, deixa saudade e orgulho.
Oliveira fica na memória dos portugueses como um exemplo de perserverança e criatividade. No dia em que fez 106 anos, a 11 de Dezembro de 2014, Manoel de Oliveira estreou nas salas de cinema nacionais a sua última obra: a curta-metragem “O Velho do Restelo”, uma interpretação livre da história de Portugal, com a ajuda de personagens como Luís de Camões ou Camilo Castelo Branco.
Sem grande motivação para os estudos, Manoel de Oliveira preferiu, durante a juventude, apostar no desporto chegando mesmo a ser campeão nacional de salto à vara. Depois de ingressar numa escola de atores do Porto, cidade onde nasceu, viveu e morreu, deixou-se seduzir pela linguagem do cinema.
Aniki-Bobó (1942) foi a sua primeira longa-metragem. Baseado no conto “Os Meninos Milionários”, de João Rodrigues de Freitas, o filme percorre as ruas do Porto antigo pelos olhos de três crianças – Carlitos, Eduardo e a amada que os dois meninos tentam conquistar, Teresinha.
No espólio de Manoel Oliveira, considerado por muitos o mais velho realizador em atividade, constam mais de 30 longas-metragens e outros tantos documentários e curtas.
De acordo com a sua produtora, o Som e a Fúria, mesmo depois de estrear a sua curta de 2014, Manoel de Oliveira mostrou-se interessado em futuros projetos, dependentes “da sua disponibilidade física”.
Ou seja, se a vida lhe tivesse permitido, o realizador portuense ainda iria, com certeza, fazer mais um filme porque com Manoel de Oliveira “tudo é”, ou era, “possível”, disse recentemente o seu produtor Luís Urbano.
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