Acaba de ser descoberta, na Lourinhã, uma nova espécie de dinossauro. De acordo com os paleontólogos responsáveis pelo achado, um deles português, o material fóssil encontrado pertence ao maior predador terrestre da Europa e maior carnívoro do Juráss
Acaba de ser descoberta, na Lourinhã, uma nova espécie de dinossauro. De acordo com os paleontólogos responsáveis pelo achado, um deles português, o material fóssil encontrado pertence ao maior predador terrestre da Europa e àquele que terá sido o maior dinossauro carnívoro do Jurássico.
O artigo que documenta a descoberta, assinado por Christophe Hendrickx e Octávio Mateus, ambos cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e do Museu da Lourinhã, foi publicado esta quarta-feira na revista científica internacional PLOS One.
De acordo com um comunicado do Museu da Lourinhã, a espécie encontrada, o Torvosaurus gurneyi, é um primo distante do Tyrannosaurus rex, estava no topo da cadeia alimentar na Península Ibérica há 150 milhões de anos e pertence aos terópodes, um grupo de dinossauros bípedes que deram origem às aves.
O nome “Torvosaurus” significa “lagarto selvagem”, ao passo que o epíteto específico “gurneyi” é uma homenagem ao norte-americano James Gurney, criador e ilustrador da série literária Dinotopia, muito apreciada por Hendrickx, principal autor do estudo.
“Sempre admirei a reconstrução deste mundo utópico, onde dinossauros e humanos vivem juntos, e ele [Gurney] é também um excelente 'paleoartista' e pedagogo”, explica o palentológo, que acrescenta que o material fóssil descoberto na Formação da Lourinhã foi inicialmente atribuído ao Torvosaurus tanneri, uma espécie encontrada na América do Norte.
Segundo os especialistas, estima-se que o Torvosaurus gurneyi pudesse atingir dez metros de comprimento e pesar entre quatro a cinco toneladas. Embora este não seja “o maior dinossauro predador que conhecemos” (já que “Tyrannosaurus, Carcharodontosaurus e Giganotosaurus, do Cretácico eram maiores”, lembra Hendrickx), trata-se de uma descoberta de peso.
“Com um crânio de 115 centímetros, o Torvosaurus gurneyi foi, em todo o caso, o maior carnívoro terrestre nesta época, o Jurássico, e um predador ativo que caçava outros grandes dinossauros, como evidenciam os dentes lameliformes que chegam a medir dez centímetros”, salienta o líder da investigação.
Maxilar original do Torvosaurus gurneyi fotografado imediatamente após a descoberta. © Aart Walen/Museu da Lourinhã.
O novo dinossauro descoberto na Lourinhã corresponde à segunda espécie do género Torvosaurus e pode ser considerado o “equivalente europeu” da espécie Torvosaurus tanneri americana, visto que ambas foram escavadas em rochas da mesma idade geológica e viviam em ambientes semelhantes, dominados por dinossauros.
“A fauna do que é hoje Portugal foi extremamente diversificada no final do Jurássico”, revela o professor Octávio Mateus, coautor do estudo e professor da Universidade Nova de Lisboa e do Museu da Lourinhã.
Para o docente, “esta nova espécie de dinossauro carnívoro vem aumentar um pouco mais a diversidade de dinossauros em Portugal e mostra que estava em curso um mecanismo de especiação [processo evolutivo pelo qual as espécies se formam] que ocorreu durante o Jurássico, quando o Atlântico já estava bem formado e a Europa era um arquipélago”.
De salientar que outros embriões de dinossauros escavados na mesma formação geológica portuguesa e recentemente descritos por investigadores que colaboram com o GEAL – Museu da Lourinhã são também atribuíveis a esta nova espécie.
Clique AQUI para aceder ao estudo que dá conta da descoberta publicado na revista PLOS One (em inglês).
Notícia sugerida por Maria Pandina e Elsa Martins