por Patrícia Maia
Apesar da tradição ser a base das coleções da Oficina da Formiga, Jorge e Milú gostam de dar um ‘twist’ às suas peças. “Gostamos de lhes dar mais cor, de por barras mais coloridas ou de misturar elementos que tradicionalmente não se cruzaram”, explica Milú ao Boas Notícias.
As loiças ficam prontas depois da vidragem, um processo “muito exigente”, explica Milú, porque “as peças têm de estar suspensas, dentro do forno, para ficarem uniformes”.
Foi o mestre Flamínio dos Reis, hoje com 81 anos, que passou o “bichinho” da cerâmica a Jorge Saraiva. Ainda hoje, o mestre colabora com a Oficina
A oficina funciona desde 1992 mas, há cerca de quatro anos, Jorge (licenciado em Engenharia Cerâmica) e Milú (que trabalhava em análises clínicas) decidiram transformar a oficina na sua atividade principal. Agora, há alturas em que o casal passa 10 horas por dia na oficina.
De Ílhavo para o mundo
Mas os clientes que talvez tenham surpreendido mais a Oficina da Formiga vêm do Japão. “Eles adoram a nossa cultura, a nossa gastronomia… Temos uma senhora que descobriu o nosso trabalho e tem feito várias encomendas que vende na sua loja online”, conta Milu, acrescentando que esta cliente japonesa já veio 26 vezes ao nosso país, fala português, e visita frequentemente a oficina.
Aliás, a Oficina da Formiga, que está aberta ao público e onde os visitantes podem observar todo o processo de produção, tem vindo a internacionalizar-se e recebeu recentemente um visitante especial.
O artista plástico Fábio Carvalho, muito reconhecido no Brasil, fez uma residência artística no atelier de Jorge e Milú. Ali aprendeu as técnicas tradicionais que misturou com os seus desenhos contemporâneos, criando uma original coleção de pratos onde a figura central é um homem vestido com uniforme militar.
Neste momento, a Oficina da Formiga já vende uma média de 300 peças por mês, com clientes em vários países, como na Austrália ou na Rússia. E assim, a faiança portuguesa reinventa-se, cresce e ganha novos clientes, dentro e fora das nossas fronteiras.