Sociedade

Lisboa: Casa de jovens com Asperger já abriu as portas

Esta quinta-feira, na Quinta da Granja, em Benfica, eis que abriram as portas da Casa Grande, um espaço de formação e treino de competências sociais e funcionais para jovens com Síndrome de Asperger, com mais de 16 anos.
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Esta quinta-feira, no bairro de Benfica, eis que abriram as portas da Casa Grande, um espaço de formação e treino de competências sociais e funcionais para jovens com Síndrome de Asperger, com mais de 16 anos. 
 
O objetivo é que os mesmos “adquiram as ferramentas necessárias para os podermos encaminhar no mundo do trabalho e construir, com eles, o seu projeto de vida”. Como tal, a instituição conta com ateliers de música, artes plásticas, informática, costura, horticultura e jardinagem, onde os jovens desafiam a sua criatividade e aprendem váias artes e ofícios. 
 
Os serviços, artigos e produtos desses ateliers são, depois, disponibilizados à comunidade. A presidente da Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger, convida mesmo a “vir à nossa lavandaria, podem fazer arranjos no nosso atelier de costura, ter aulas de música, de informática, de artes plásticas ou fazer pequenas festas” nos pátios daquele histórico edifício do século XVII, agora recuperado. 
 
Os primeiros passos, estão, inclusive, já a ser dados, com as alfaces cultivadas nas hortas da casa a serem vendidas numa loja daquele bairro.

“Depois do sonho de construir a casa, o sonho agora é se torne auto-sustentável para não cair naquilo que as instituições particulares de solidariedade social caem quase sempre, que é o mecenato e os subsídios do Estado, mas também para não sobrecarregar o Estado”, sublinha a responsável. 
 

“Os nossos jovens têm uma vida muito activa e são os protagonistas do dia-a-dia da Casa Grande”, diz, orgulhosa, Piedade Monteiro. Bruno, de 26 anos, é um desses jovens. Está na casa desde Janeiro e uma parte do seu tempo é passado no atelier de jardinagem.
 
“Não gosto muito do trabalho físico, por isso, sou assistente da monitora e coordeno os jovens”, conta à Lusa, comentando que usa “mais a cabeça do que o corpo”. A tarefa que mais gosta é “controlar os minutos e os segundos” no cronómetro. “Desde miúdo que sou assim, coordeno o tempo”, revela, com um sorriso.
 
Conta que está feliz na casa, porque tem “mais liberdade” e até já arranjou amigos. “No centro onde estava, não éramos todos iguais. Aqui somos livres e temos todos Asperger”, repara.
 
Para Piedade Monteiro, também “não é saudável” juntar pessoas com vários tipos de deficiência no mesmo espaço, uma vez que estes jovens “copiam muito”. “Se há um ponto de referência para eles que é uma deficiência mais profunda, eles acabam por a imitar”, prejudicando o seu desenvolvimento.
 
Alguns dos onze jovens que estão na casa já viviam em instituições, mas outros, com mais de 20 anos, estavam em casa sem actividade nenhuma. “Isto não pode acontecer. O que nós queremos é que os nossos filhos sejam de tal maneira iguais que consigam não ser um peso para o Estado”, defende a responsável.
 
Portanto, “temos de ir pelas capacidades deles e nunca pelas dificuldades. Se há dificuldades vamos colmatá-las ou tentar colmatá-las. No entanto, em Portugal, infelizmente, há a ideia que só existem duas condições, a normal e a anormal, não há o meio”.
 
Como tal, para Piedade Monteiro é preciso “dar a possibilidade a cada uma das pessoas, dentro da sua condição, a ter o seu espaço o mais adaptado possível para que tenha uma vida digna”, por isso é que a Casa Grande é “um projecto pioneiro”. 

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