Porque a dança toca fundo o ser humano e faz vibrar o (in)consciente, a Unesco decidiu homenagear esta forma de expressão com o Dia Mundial da Dança que se comemora a 29 de abril. Numa antecipação comemorativa, Lisboa oferece já a partir desta quinta-feira uma semana repleta de propostas para esta arte milenar constantemente reinventada.
Desta forma, começa o CCB por nos oferecer, esta quinta-feira, dia 15 e sexta-feira, dia 16, “Orfeu e Eurídice” pela companhia da canadiana Marie Chouinard, um trabalho a partir do mito onde a autora cria “uma dança exploratória” que ousa a devassidão e o excesso” e “os bailarinos dão corpo, mas também voz e fôlego, a um mito sobre o acto da criação.”
Também no dia 16, para se repetir no dia seguinte, arranca na Culturgest “Pororoca”, uma criação da bailarina e coreógrafa brasileira Lia Rodrigues e da sua companhia inspirada “no conceito tupi que refere o encontro violento entre o rio e o mar, um movimento destrutivo, mas ao mesmo tempo fundamental para o equilíbrio natural das coisas.”
E porque não há tempo para pensar sequer, no dia 17, às 17:30h, o Maria Matos e as coreógrafas Ana Mira, Vera Mantero e Martine Pisani (França), convidam a escutar e reflectir sobre o legado da dança pós-moderna “que promoveu o corpo que se move, não pelo desejo de virtuosismo, mas pelo pensamento”, levando este “corpo pensante” até às últimas consequências”.
Martine Pisani apresentará alguns dias mais tarde, neste mesmo teatro, a 29 e 30 de abril, quatro propostas integradas no ciclo “Running Times”, sobre o tema Tempo.
Ainda dia 17 mas à noite e dia 18 à tarde, novamente no CCB, Amélia Bentes e Leonor Keil propõem “Mapacorpo”, um jogo entre as suas personalidades desenhado num diálogo entre os dois corpos. Este dueto tem orientação coreográfica de Lia Rodrigues, a mesma que apresenta “Pororoca” na Culturgest.
Por fim, entre segunda-feira, dia 19, e quarta-feira, dia 21, o Maria Matos apresenta “in pieces”, um solo criado e interpretado pela bailarina Fumiyo Ikeda (Companhia Rosas) em colaboração com Tim Etchells (Forced Entertainment) que reflecte sobre a forma como o corpo lida com a memória e o esquecimento – “um catálogo poético de frases, movimentos e histórias tiradas da memória de uma bailarina extraordinária.”
Depois desta antecipação, segue-se a “verdadeira” comemoração do Dia Mundial da Dança, na semana seguinte, com uma série de espectáculos e eventos ao longo de todo o país numa desassombrada celebração desta forma de expressão artística tão visceral e ao mesmo tempo conceptual.
Maria Estácio