“A riqueza de tons do grande vitral, o recorte gracioso das janelas, a balaustrada da galeria e os grandes candelabros situados nos ângulos que demarcam esse espaço, as linhas das ogivas que se entrelaçam no tecto (.), deixam o visitante deslumbrado”. A 13 de janeiro de 1906, no dia da inauguração, era assim que um jornalista da época classificava a livraria Lello & Irmão.
Mais de um século depois, a Livraria Lello & Irmão, continua a merecer os mais rasgados elogios não só à beleza arquitetónica do seu espaço, único no mundo, mas também pela qualidade do serviço que dispõe.
“Em 1994, quando a adquirimos e restaurámos, a livraria Lello &Irmão estava exausta, obsoleta. Trabalhámos para a revitalizar e demorámos 11 meses a restaurá-la e a deixá-la exatamente como aquando da inauguração em 1906”, explica ao Boas Noticias Antero Braga, diretor-geral da sociedade que agora gere a livraria e que conta, para além de Eduardo Martins Soares, com José Manuel Lello, bisneto do fundador.
“Quando a restaurámos o nosso objetivo era trazê-la de novo para cima e vê-la reconhecida internacionalmente, por isso estas distinções dão-nos muito prazer a nós e a todos os portugueses”, admite Antero Braga.
A Lello & Irmão aposta acima de tudo numa relação de qualidade e proximidade com o cliente. “Achamos fundamental esta ligação porque acreditamos que o país é mais rico quanto mais cultura tem e oferece. Para nós é inexistente a palavra “não” na Lello & Irmão. Se não temos o livro, encontramos quem tenha” garante-nos Antero Braga, que confessa já ter inclusive emprestado livros da sua biblioteca privada a estudantes que não encontravam em tempo útil o livro ou manual que precisavam.
“A nossa grande aposta foi informatizar a livraria de modo a integrar todo o nosso espólio e facilitar a pesquisa. Mas tivemos a preocupação de não deixar nem um fio à vista para não descaraterizar o espaço e manter ao máximo o espírito de 1906”, garante o administrador.
Para breve esperam integrar a Livraria numa rede internacional online de modo a garantir uma rede mais completa de serviços e que possa levar o nome da Livraria a mais pessoas.
Espera-se assim que à Rua das Carmelitas, 144, afluam mais interessados em apreciar os livros, a “divina” estrutura neogótica da Lello & Irmão e que possam, no fim da visita, fazer a exclamação inevitável: “Vês como valeu a pena entrar!”
Texto e reportagem fotográfica: Ana Margarida Pereira