Um grupo de estudantes do Instituto Politécnico de Leiria criou um protótipo de uma cadeira de rodas inteligente e de baixo custo que facilita a movimentação autónoma.
Um grupo de estudantes do Instituto Politécnico de Leiria criou um protótipo de uma cadeira de rodas inteligente e de baixo custo. Trata-se de um equipamento convencional revolucionado com a adaptação de um “kit” de motorização amovível que facilita a movimentação autónoma dos portadores de deficiência, quer através de um “joystick”, de comandos de voz ou até do movimento da íris.
Ricardo Martinho, coordenador da licenciatura em Informática para a Saúde, no âmbito da qual foi desenvolvido este projeto, explicou ao Boas Notícias que “os materiais utilizados foram praticamente todos reciclados” e incluem, além da cadeira de rodas tradicional, isto é, não motorizada, “motores DC, baterias, um portátil, duas webcams, um capacete” e mais algum material como interruptores e fios.
Para Ricardo Martinho, as principais forças desta inovação são, por um lado, o baixo custo e, por outro, a possibilidade de acoplar o módulo de motorização amovível a uma cadeira de rodas tradicional e removê-lo conforme se pretenda.
O responsável salientou que “o custo de uma cadeira de rodas elétrica começa nos 3.000€, sendo que esta não possui qualquer tipo de processamento 'inteligente' de dados”, ao contrário do protótipo dos estudantes cujo custo de produção ronda os 1.000€, incluindo portátil, sensores, webcams, motores e bateria.
Angariar parceiros e financiamento
Além disso, o “kit” de motorização poderá ser colocado e retirado mediante a vontade do utilizador e “deverá ainda poder facilmente comutar-se entre o modo 'autónomo' e o modo 'manual', onde o próprio utente ou um auxiliar possa conduzir manualmente a cadeira”.
Outro benefício, acrescentou Ricardo Martinho, tem a ver com a possibilidade de uma organização de saúde gerir os “kits” amovíveis que possui “e facilmente reutilizá-los” em diferentes cadeiras de rodas normais, não sendo necessária a aquisição de um módulo por cadeira.
No que respeita ao futuro, Ricardo Martinho garantiu que vão ser feitos “todos os esforços para angariar parceiros e financiamento para a produtização desta ideia”. Neste âmbito, o grupo vai “refinar o protótipo, com as colaborações das áreas da Engenharia Mecânica e Eletrotécnica” e concorrer a projetos como o FCT ou o QREN para colher apoios monetários.
Em paralelo, o coordenador afirmou que os estudantes de Informática da Saúde serão incentivados a desenvolver versões futuras do protótipo como projeto de final de curso. Isto porque “um dos objetivos é precisamente servir para preparar os estudantes para o mercado de trabalho e um grande propósito do nosso ensino é a sua vertente do saber fazer”, concluiu.
[Notícia sugerida por Patrícia Guedes e Fernando Pereira]