São jovens, mas estão preocupados com o futuro. Por saberem que é para eles que está guardado o amanhã, uniram-se para enviar ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, uma "carta" em forma de vídeo na qual deixam claro o desejo de um "Portugal Melho
São jovens, mas estão preocupados com o futuro. Por saberem que é para eles que está guardado o amanhã, uniram-se para enviar ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, uma “carta” em forma de vídeo na qual deixam claro o desejo de um “Portugal Melhor”: mais justo, mais responsável, mais íntegro e mais igualitário.
por Catarina Ferreira
A ideia, que começou a tomar forma em Novembro, antes da Greve Geral, foi de Beatriz Costa, de 16 anos, estudante do 10º ano de Artes natural de Coimbra, depois de um dos pequenos-almoços habituais com o seu pai.
“Para não variar, estava a queixar-se do estado do país enquanto via as notícias na televisão. Ouvi as 'queixas' dele até ao fim, às vezes não ligando muito – o que posso eu fazer, não é ? – mas as suas últimas palavras antes de eu sair da cozinha foram: Bia, precisamos de uma revolução! Diz aos teus amigos!”
Estava lançado o mote para vídeo d'”A Carta”. Embora, naquele momento, não tenha dado muita importância à questão, a mensagem ficou. “Nesse dia contei a uma das minhas melhores amigas e pensámos, as duas, escrever uma carta ao primeiro-ministro. Uma carta a sério, para enviar pelo correio. Mas nessa tarde escrevi 'A Carta'”, recorda Beatriz em entrevista ao Boas Notícias.
Pouco a pouco foi espalhando a ideia pelos amigos, até que esta chegou ao colega João Duque, vencedor, em 2012, do prémio de jovem realizador no concurso de vídeo Inatel 2012 com a curta “Para ti, Leonor” (que pode ser visualizada
AQUI), que se responsabilizou pela gravação e edição das imagens.
Duas semanas depois, Beatriz e João deram início ao “recrutamento” dos seus amigos, procurando convencê-los a participar e pedindo autorização ao diretor – “que aceitou logo o projeto” – da Escola Secundária Avelar Brotero, em Coimbra, onde estuda, para que as gravações ali decorressem.
Terminadas as gravações, João Duque editou o filme e no dia 22 de Dezembro estava já no Youtube “A Carta”. João, de 15 anos, também estudante de Artes, conta ao Boas Notícias que aceitou colaborar e ajudar a colega a fazer o filme porque gostou “muito da carta” e julgou tratar-se de uma “ideia muito interessante”.
No entanto, sublinha o jovem, que começou “a fazer filmes quando tinha 8 ou 9 anos, com uma câmara que havia para a consola PSP”, editando-os depois “no Movie Maker”, os seus trabalhos futuros não deverão ter “conteúdo político”, sendo o seu principal objetivo “superar” as suas “próprias expetativas”
10 mil visualizações somadas em apenas 24 horas
Nesta “Carta”, estes jovens estudantes de Coimbra pedem a Pedro Passos Coelho uma prenda de Natal muito especial e que, apesar de difícil, acreditam estar ao seu alcance.
“Queremos um Portugal Melhor. Queríamos que o primeiro-ministro visse o vídeo e percebessse o nosso ponto de vista. Falamos por nós, jovens, mas penso que também por muitos adultos, porque estamos a passar tempos difíceis e, pelo pouco que percebo, ele podia fazer alguma coisa pelo país. É o nosso primeiro-ministro, devia ser um exemplo a seguir e preocupar-se connosco”, explica Beatriz.
“Na carta apelamos aos valores morais, porque, a meu ver, são a base da nossa sociedade. Sem estes valores não era possível ter um país melhor, mesmo que não houvesse crise financeira. Se existissem valores como o altruísmo talvez não houvesse nem a corrupção, nem o egoísmo que nos fizeram chegar a esta situação”, defende ainda a jovem.
Nas primeiras 24 horas, o vídeo realizado pelos jovens alcançou mais de 10 mil visualizações no Youtube e, até ao momento, já foi visto por mais de 78 mil pessoas. “[A reação das pessoas tem sido] bem diferente do que eu esperava”, confessa ao Boas Notícias. “Queria que esta fosse importante e que o primeiro-ministro a visse, mas nunca pensei que se propagasse tão rápido e que produzisse tantos efeitos”, admite Beatriz.
O projeto já recebeu destaque em vários meios de comunicação social e têm-se multiplicado os comentários em redes sociais como o Facebook. “Muitas pessoas têm dito que gostam do nosso trabalho e que acham que é uma grande iniciativa, o que é muito gratificante”, sublinha a mentora da ideia.
Porém, como é natural, também há críticas, algo que Beatriz aceita com tranquilidade. “Não se pode agradar a todos. O melhor de tudo é haver amigos nossos, jovens como nós, que nos agradecem e dizem que gostaram muito porque era mesmo aquilo que pensavam e sentiam”, destaca.
Não se sabe se a mensagem destes estudantes terá já chegado a Pedro Passos Coelho, mas, apesar disso, os autores desta “carta” estão satisfeitos com a repercurssão do seu trabalho.
“Gostava mesmo que 'A Carta' chegasse ao primeiro-ministro e que ele fizesse mesmo com que pudéssemos ter um Portugal melhor daqui em diante”, mas “já ter passado por mais de 70 mil pessoas significa muito e espero que esta nossa iniciativa faça movimentar muitas outras em sinal de esperança e de luta contínua pelos nossos direitos”, conclui Beatriz.
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