Com apenas 22 anos, Fábio Afonso quis deixar as listas do desemprego e mudar de vida. Em pleno interior do país, o jovem desempregado fintou a crise e apostou no empreendedorismo. Tirou o curso de barbeiro e subiu ao "Palco do Barbeiro", uma barbeari
Com apenas 22 anos, Fábio Afonso quis deixar as listas do desemprego e mudar de vida. Em pleno interior do país, o jovem desempregado fintou a crise e apostou no empreendedorismo. Tirou o curso de barbeiro e abriu o “Palco do Barbeiro”, uma barbearia 'vintage' no centro de Valpaços.
Com uma mãe que mudava de penteado quase todas as semanas, Fábio herdou o gosto pelos cabelos e penteados desde muito cedo. Quando era mais novo e lhe perguntavam o que queria ser quando fosse grande, a resposta era apenas uma, sem hesitações: cabeleireiro.
Mas só depois de perder o emprego como 'designer' gráfico num gabinete de arquitetura é que o jovem se voltou para as antigas ambições. Aceitou o desafio da mãe e, durante três meses, no Porto, tirou o curso de barbeiro.
Mais tarde, com a ajuda dos pais, abria as porta d' “O Palco do Barbeiro”, no centro de Valpaços, a cidade transmontana onde cresceu e de onde não quer sair.
Além de barbeiro, Fábio assumiu ainda o papel de decorar, adaptando a barbearia a um estilo 'vintage', com móveis e peças compradas na internet ou que lhe eram oferecidas.
A cadeira, por exemplo, foi a peça mais cara do espaço mas, para o jovem, é a mais bonita de todas. Comprada a um vendedor de Ermesinde através da Internet, diz ter custado “um balúrdio”. Já o armário, foi-lhe oferecido pela avó, e restaurado para integrar a mobília da loja.
Numa vitrina são exibidas navalhas, máquinas e pincéis oferecidas pela mulher de um antigo barbeiro de Valpaços que Fábio achou que teriam “mais utilidade” ali do que no sótão.
Mas apesar do especial gosto pela navalha, é com a tesoura que Fábio mais trabalha. “Faço mais cortes do que barbas. Antigamente, a realidade era outra. Hoje, os homens têm as ‘gillettes’ descartáveis e fica-lhes mais barato”, disse, em declarações à agência Lusa.
“Negócio da navalha dá para todos”
Ainda assim, prefere ser tratado como barbeiro porque “adora” fazer barbas. “Barbeiro remete para homem e cabeleireiro tanto é para mulher como para homem. Isto é a mesma coisa do que chamar café a um bar e bar a um café”, afirmou.
Hoje, de portas abertas há cerca de cinco meses, admite que o negócio se ressente um “pouquinho” da crise. “Os homens agora pedem-me ‘carecadas’ para o cabelo demorar mais a crescer e não terem de cortar tão cedo. E alguns compram máquinas para cortar em casa porque fica mais barato”, explicou.
Com clientes dos oito aos 80 anos, o jovem barbeiro conta que os “mais antigos” estranham ver uma pessoa tão jovem com a mestria da navalha, ficando até reticentes. Mas, uma vez sentados na cadeira, ficam “tranquilos”, chegando mesmo a adormecer.
“As pessoas têm a ideia de que quem faz barbas é velho e está no final da sua vida profissional”, afirmou. Por isso mesmo, no início, muitos estranharam a ideia, mas depois “acharam piada” e até batizaram o jovem como “o amigo barbeiro”.
Na cidade existem outros quatro barbeiros, todos mais velhos do que Fábio, a quem gosta de chamar de “colegas” e não “concorrentes”, porque o “negócio da navalha dá para todos”.
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Notícia sugerida por Patrícia Guedes
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