Cientistas norte-americanos conseguiram obter uma imagem tridimensional do sistema nervoso central ao tornar o cérebro transparente. O estudo pretende facilitar o tratamento de problemas associados ao sistema cerebral sem recorrer à cirurgia.
Cientistas da Universidade de Stanford, na Califórnia, conseguiram obter uma imagem tridimensional do sistema nervoso central ao tornar o cérebro transparente. A investigação publicada este mês na revista britânica Nature pretende facilitar o tratamento de problemas associados ao sistema cerebral sem ter de recorrer à cirurgia.
O processo “Clarity” permite aos especialistas ver os neurónios e as suas conexões através de uma visão microscópica sem ter de abrir o cérebro. O tratamento químico testado em pequenos ratos utiliza um hidrogel, criado naturalmente a partir do cérebro, que vai substituir os lipídios existentes no cérebro, moléculas de gordura que bloqueiam a entrada de luz para o órgão.
Os investigadores puseram de parte a extração dos lipídios pelo risco de as proteínas do cérebro se dissolverem, tendo recorrido à técnica de infusão de acrilamida, uma amida que une proteínas, ácidos nucleicos e biomoléculas. Em dois dias o cérebro tornou-se transparente.
Quando aquecida, a acrilamida conduz à formação de um tecido natural que mantém a estrutura das moléculas, registando uma perda de apenas 8% de proteínas, inferior aos 41% totais obtidos em métodos já existentes.
Um dos mais importantes avanços da neuroanatomia
A equipa da Universidade de Stanford acredita que este estudo “é provavelmente um dos mais importantes avanços para o ramo da neuroanatomia em décadas”. O líder da investigação Karl Deisseroth explica, no site oficial da instituição, que “é possível aceder à delicada estrutura do sistema sem perder de vista” qualquer parte do cérebro.
O artigo publicado na revista britânica Nature revela que este estudo tem novas potencialidades no tratamento de várias doenças associadas à conexão cerebral, a distúrbios do cérebro e ao próprio envelhecimento.
De outra forma, “estes estudos eram impossíveis de realizar em pessoas ainda vivas, devido ao facto de os métodos exigirem a manipulação genética ou a injeção de corantes no cérebro”, explica a publicação científica.
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Notícia sugerida por Patrícia Guedes
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