É quase tão impressionante como a estória de D. Rosa, a portuguesa que aos 90 anos está a fazer um doutoramento. Do outro lado do Atlântico, com 94 anos, Anthony é um dos licenciados mais velhos (e também o mais antigo) da Universidade de West Virginia e vai juntar-se aos restantes 4.500 estudantes que recebem os diplomas no dia 17 de Maio.
Natural de Morgantown, Anthony é descendente de uma família de imigrantes italianos e o seu interesse pela arte surgiu cedo, começando a esculpir objetos em madeira numa carpintaria de um dos seus vizinhos.
© West Virginia University
Um dia, Anthony conseguiu abrir com uma chave de madeira, feita por si, o frasco onde a sua mãe guardava os doces. “E funcionou!”, recorda Anthony, num comunicado emitido pela universidade. A partir desse momento, Anthony percebeu que o seu sonho era desenhar objetos e quis adquirir formação académica para aperfeiçoar as suas técnicas.
Entrou na faculdade em 1939 determinado a fazer uma licenciatura em engenharia. No entanto, o curso não correspondeu às suas expectativas e Anthony decidiu mudar para uma licenciatura na área das artes industriais.
Licenciatura interrompida pela II Guerra Mundial
“Nessa altura trabalhei numa loja de madeira e também fiz trabalhos em metal e jóias”. No entanto, no ano de 1942, já perto de licenciar-se, Anthony teve que interromper os estudos para integrar o Corpo Aéreo do Exército norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial.
Depois da guerra, o descendente de italianos foi trabalhar com o seu pai e irmãos numa fábrica de cimento, no entanto, nunca perdeu a vontade de regressar aos estudos.
Em 1946, voltou a matricular-se na sua antiga universidade com o objetivo de terminar a sua licenciatura, mas outro imprevisto fez com que abandonasse novamente o curso. Desta vez, a sua esposa ficou gravemente doente, precisando dos seus cuidados a tempo inteiro.
Um reformado ativo e curioso
Nos anos 80, Brutto reformou-se e aproveitou a reforma para voltar à sua arte fazendo réplicas de animais em madeira: pássaros, rinocerontes, elefantes e até mesmo porcos-espinhos. Anthony voltou também a fazer jóias, vendendo-as em lojas independentes em cidades como Alexandria, Chicago e Virginia.
Recentemente, Anthony regressou à universidade e conclui com sucesso o seu curso tanto tempo adiado. “Sempre foi muito importante para mim formar-me”, assume Anthony Brutto. Ao ser questionado sobre a possibilidade de realizar um mestrado, o recém-licenciado de 94 anos diz, sorrindo : “Não, acho que vou fazer uma pausa por um tempo”.