“É como se tivesse renascido”, afirmou Jim Henry à agência Associated Press (AP). “Deito-me todas as noites com lágrimas dos olhos, a pensar em todas as coisas boas que me aconteceram nestes últimos tempos”, acrescentou.
Jim estava no terceiro ano de escolaridade quando o pai o obrigou a desistir para ir trabalhar e ajudar a família. Aos dezoito anos, mudou-se para Stonington Borough onde se tornou capitão de um navio de pesca de lagosta.
Ao longo dos anos, foi escondendo a sua iliteracia dos amigos e familiares através de pequenos truques como pedir o que ouviu outra pessoa a pedir sempre que ia a um restaurante. A única coisa que sabia de letras era o nome. Conseguia distingui-lo entre tantas outras palavras sem sentido e ainda escrevê-lo de forma bastante legível. No entanto, tudo o que fosse além fronteiras da sua identidade era território totalmente desconhecido.
Há sete anos atrás, movido pela história de George Dawson – um neto de escravos que fez questão de conseguir o diploma de Ensino Secundário, aprendendo a ler e a escrever aos 98 anos-, Jim quis finalmente mudar a sua vida. Começou por ler livros para principiantes e por aprender o alfabeto. Por dia, dedicava inúmeras horas à escrita e num instante passou às primeiras palavras.
Hoje, as preocupações recaem sobre a aparência da sua assinatura quando começar a autografar os seus livros, pelo que tempo e esforço já foram redobrados com vista ao seu aperfeiçoamento.
A colectânea inclui um relato do tempo em que Jim foi pugilista profissional, mas debruça-se essencialmente sobre episódios que marcaram a sua história no mar.
Marisa McLaughlin, a neta mais velha de Jim, quis deixar um contributo escrevendo na capa do livro a seguinte frase: “A colectânea de histórias que se segue é o resultado de uma extraordinária viagem à literacia”.
[Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes]