Sete mulheres idosas da ilha de Madagáscar partiram para a Índia para aprenderem as técnicas de produção de energia solar. As matriarcas vão tornar-se em engenheiras solares para que possam melhorar as qualidades de vida das suas aldeias rurais.
Sete mulheres idosas da ilha de Madagáscar partiram das suas aldeias rurais para a Índia para se tornarem em engenheiras solares. Ao longo de seis meses, as matriarcas vão aprender as técnicas de produção de energia renovável para que possam passar o testemunho à sua comunidade e proporcionar energia solar a várias aldeias daquele país africano.
O programa desenvolvido pelas organizações não-governamentais (ONG) Barefoot College e WWF pretende melhorar a qualidade de vida destas comunidades e eliminar a sua dependência de diesel, querosene e de velhas baterias descartáveis, utilizadas por grande parte das pessoas em Madagáscar nas suas atividades diárias.
“Estes sistemas solares vão ser a fonte principal de iluminação destas comunidades, que atualmente não têm outras formas de produção de energia que não sejam as fontes insustentáveis de querosene, diesel e de velhas baterias descartáveis”, explica a WWF no seu site oficial.
Jean-Philippe Denruyter, responsável do setor de Energia Renovável da WWF, acredita que a utilização de energia solar vai permitir eliminar quase por completo a dependência destes compostos por parte das aldeias rurais de Madagáscar.
A iniciativa pretende garantir eletricidade a 390 famílias
As estudantes vão ser acolhidas no Barefoot College, no estado indiano de Rajasthan, uma organização de ensino onde uma das principais apostas educativas se destina à qualificação de mulheres de zonas rurais para a produção de sistemas elétricos alimentados com energia solar. Até hoje, a organização conseguiu formar mais de 700 engenheiras nesta área.
Com esta iniciativa, as duas organizações não-governamentais envolvidas esperam poder garantir sistemas de eletricidade a 390 famílias em aldeias localizadas na área protegida da floresta de Madagáscar. “As comunidades locais são os mordomos destas terras e a ligação entre as questões ambientais e sociais”, salientou Jean-Philippe Denruyter.
“A energia solar em zonas rurais não só reduz a dependência de subsídios governamentais ineficientes destinados a combustíveis fósseis dispendiosos, como também contribui para melhorar os meios de subsistência, as oportunidades de educação e o desenvolvimento de comunidades rurais pobres”, acrescentou.
“Educa uma avó, muda o mundo!”
[Kamla Devi, a primeira mulher engenheira solar, em 1986]
Esta é a primeira vez que a WWF integra um programa de ensino da Barefoot College. As duas organizações uniram-se no âmbito da iniciativa “Educa uma avó, muda o mundo”, que se dedica a ensinar mulheres mais velhas vindas da Índia, Afeganistão e África.
A organização indiana, que traduzindo para português ganha o nome de 'Universidade dos Pés-Descalços', já educou mais de 700 avós de 49 países diferentes através deste programa, que contribuíram para levar luz a 450 mil pessoas e reduzir em 13 toneladas as emissões de carbono diárias.
A Barefoot College dedica-se à procura de soluções para a falta de bens essenciais e de condições sustentáveis de vida em comunidades rurais empobrecidas, ao longo de mais de 40 anos de atividade. Entre homens e mulhers, crianças e adultos, a organização garante a melhoria de vida com base na educação e na independência destas pessoas.
O fundador desta universidade única no mundo é Bunker Roy, um indiano de classe média alta de Bombaim que decidiu dedicar a sua vida às pessoas mais carenciadas e fundar a Universidade dos Pés-Descalços, em 1972. O ativista escolheu seguir uma carreira de empreendedor social, rompendo com os dogmas da sociedade indiana vigente.
Atualmente, as ações desta organização solidária são reconhecidas por todo o mundo, tendo garantido a Bunker Roy – que, em 2011, deu uma Ted Talk que conquistou as redes sociais (ver vídeo abaixo) – a distinção de uma das pessoas mais influentes do planeta, segundo a revista norte-americana Times.
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