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Homem é capa de revista após transplante facial inédito

Durante 15 anos e depois de ter sofrido um acidente que lhe desfigurou totalmente o rosto, Richard Lee Norris viveu como um recluso. Depois de ter sido submetido ao mais extenso transplante facial de sempre, é agora capa da revista GQ.
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Durante 15 anos e depois de ter sofrido um acidente com uma arma de fogo que lhe desfigurou totalmente o rosto, Richard Lee Norris viveu como um recluso, escondendo-se sob uma máscara e saindo de casa apenas à noite. Depois de ter sido submetido ao mais extenso transplante facial de sempre, o norte-americano viu a sua vida dar a volta e é agora capa da mais recente edição da revista GQ.
 
Aos 39 anos, e decorridos dois anos sobre o transplante efetuado nos EUA, que o Boas Notícias deu a conhecer à data, Richard Lee Norris é um homem renovado. “Quando olho para o espelho, vejo o Richard Norris”, confessa.

“Quando estava desfigurado, ao andar pela rua, ficava surpreendido com o facto de não haver mais pessoas a chocar contra postes ou a partir pescoços para olhar para mim”, confidencia, em entrevista à GQ, recordando o sofrimento causado pela exposição ao mundo e ao preconceito.
 

“Agora, ninguém presta atenção. Se não me conhecerem pessoalmente, não sabem que sou um paciente que recebeu um transplante facial. Esse era o nosso grande objetivo”, conta o norte-americano, cujo rosto foi intervencionado pela primeira vez em 2012, numa operação de 36 horas, extremamente controversa e que lhe oferecia apenas 50% de hipóteses de sobrevivência.
 
Apesar de saber que a cirurgia podia custar-lhe a vida, Richard Lee Norris garantiu não se importar de ser “rato de laboratório”. Decidiu arriscar e colocou a sorte e o destino nas mãos de uma equipa de especialistas do Centro Médico da Universidade de Maryland, nos EUA, liderada pelo cirurgião Eduardo Rodriguez, que o acompanha até hoje.


Por culpa das graves deformações do rosto, corrigidas pelo transplante, Richard Lee Norris viveu como um recluso durante mais de uma década. © Centro Médico da Universidade de Maryland
 

O resultado do procedimento acabou por superar todas as expetativas: não só revolucionou a vida do paciente, como se transformou num estudo de caso inédito com potencial para ajudar profissionais de saúde de todo o mundo a tratar soldados e outras vítimas de lesões faciais graves.
 
“Ele nunca pensou nele próprio ao longo de todo o processo”, disse Rodriguez em entrevista à GQ. “O pensamento dele esteve sempre na possibilidade de ajudar soldados feridos e outras pessoas e de lhes dar esperança. [O Richard] é um homem notável”, elogia o médico.

Perigo de rejeição é a principal preocupação dos médicos
 

Durante a cirurgia, a mais extensa do género já realizada no mundo, e também a que tem tido maior taxa de sucesso, Rodriguez e os colegas efetuaram a substituição total dos dentes e dos maxilares superior e inferior, transplantando ainda parte da língua e todo o tecido desde o couro cabeludo até ao pescoço.  
 
Norris precisou de voltar a aprender a comer e a falar e, pouco a pouco, foi recuperando a sensação no rosto. Não pode beber, fumar, apanhar sol ou arriscar lesões, já que todas estas situações aumentam as probabilidades de rejeição e que um episódio sério de rejeição pode resultar em morte.
 
Embora tenha feito enormes progressos e ultrapassado já duas rejeições, continua a fazer terapia, a ser regularmente visto pela equipa que o tem seguido e tem, obrigatoriamente, de tomar medicamentos para as dores e imunossupressores, que farão parte da sua vida até ao fim.
 
“A principal limitação deste tipo de cirurgia é que os pacientes ficam dependentes de medicação para sempre”, explica Rodriguez, acrescentando que esta espécie de medicamento destinada a evitar a rejeição comporta riscos para os pacientes, mas que, se tudo correr bem, um rosto transplantado poder durar entre 20 a 30 anos. 
 
O paciente norte-americano admite que todos os dias acorda com medo de rejeitar o transplante, mas garante que não deixa que a preocupação tome conta de si, até porque que sabe que está em boas mãos. “Uma gota de esperança pode criar um oceano, mas um balde de fé pode criar um mundo inteiro”, conclui.

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