Desde muito cedo que as motas fazem parte da sua vida. Quando e como é que essa relação começou?
Comecei a andar de moto aos 8 anos, quando o meu pai me ofereceu a minha primeira mota, uma Morini. Desde então, e com o apoio da minha família, tenho desenvolvido a minha carreira como motociclista.
Logo após as primeiras provas em que participou apelidaram-no de “Estrelinha”. Qual é a história dessa alcunha que se mantém até hoje?
Eu iniciei a minha carreira desportiva no Motocross e só quando fiz a minha primeira corrida de Enduro é que surgiu essa alcunha, que me foi atribuida por uma revista da especialidade onde foi publicado um artigo com o título “Nasceu uma estrela”. Daí à alcunha “Estrelinha” foi um pequeno passo.
Em pequeno já sonhava ser piloto profissional?
Sim. Acompanhei um familiar próximo que praticava enduro e quando fiz a minha primeira prova de Motocross, aos 13 anos, apercebi-me de que era esse o meu caminho.
Em 2006 participou pela primeira vez no Dakar e estreou-se com um nono lugar na geral. Que recordações tem dessa estreia?
Foi um início difícil, com muita aprendizagem, mas a classificação que obtive foi a recompensa. Ter começado com o 9º lugar deu-me vontade de chegar mais longe na modalidade de Ralis. As minhas recordações da prova são várias, nomeadamente por ter sido a prova em que comecei a navegar e, acima de tudo, porque foi o primeiro passo para atingir os resultados que tenho conseguido.
O acidente grave que sofreu em 2007 mudou-o de alguma forma enquanto pessoa e enquanto desportista?
É óbvio que mudou a minha perceção como atleta e até mesmo como pessoa. No entanto, foi mais um obstáculo que tive de ultrapassar.
Em algum momento teve medo que o futuro da sua carreira estivesse em risco?
Em determinadas alturas pensamos sempre que alguma coisa possa ser perdida. Mas apesar de o regresso à competição depois do acidente ter sido um grande desafio, sempre lutei para ultrapassar todos e quaisquer obstáculos com o objetivo de continuar a fazer aquilo de que gosto.
Este ano tem sido muito positivo: o 3º lugar no Dakar, mais recentemente o título de campeão do mundo de todo-o-terreno e agora a vitória no Rally de Marrocos. O que significam para si estes triunfos?
Mais do qualquer título, esta é a recompensa pelo trabalho que desenvolvi ao longo de todos estes anos.
Quais são os segredos do seu sucesso?
Trabalho, persistência e esforço.
Sente que o seu trabalho e o seu mérito são reconhecidos devidamente em Portugal e pelos portugueses?
Sim, tenho sentido o apoio de todos os que me acompanham em todas as alturas da minha carreira.
Que balanço faz da sua carreira?
Tem tido alguns altos e baixos, como é natural, mas regra geral o balanço que faço é positivo.
Olhando para trás, que momentos escolheria como os mais marcantes no seu percurso profissional?
Há quatro momentos que considero os mais especiais na minha carreira. Para começar, a vitória no Mundial de Enduro Júnior em 2000. Duas outras conquistas com grande significado foram a vitória no Six Days of Enduro Brasil e o 3º lugar que consegui este ano no Rali Dakar. Depois, claro, não poderia deixar de mencionar o título de campeão do mundo de ralis que alcancei também em 2011.
E agora, qual é o objectivo que se segue?
Agora, o meu objetivo é melhorar a prestação no Dakar do próximo ano.
CATARINA FERREIRA