O modelo económico cubano "já não funciona", admitiu Fidel Castro numa entrevista publicada esta quarta-feira na revista "The Atlantic". A afirmação foi interpretado por vários analistas como uma autorização para que seu irmão Raúl empreenda
O modelo económico cubano “já não funciona”, admitiu Fidel Castro numa entrevista publicada esta quarta-feira na revista “The Atlantic”. A afirmação foi interpretado por vários analistas como uma autorização para que seu irmão Raúl empreenda uma série de reformas no país.
O comentário de Fidel, em resposta a uma pergunta de um jornalista da revista norte-americana “The Atlantic”, é também o reconhecimento expresso por parte do líder cubano de que o país sofre uma profunda crise económica.
“O modelo cubano não serve nem para nós”, assinalou o líder cubano ao jornalista americano Jeffrey Goldberg em entrevista em Havana.
O reconhecimento do fracasso do modelo económico cubano foi recebido com surpresa pelos exilados cubanos que vivem em Miami. Analistas políticos dos EUA consideram que este é o aval de Fidel a Raúl para promover reformas na ilha.
Trata-se de “um sinal público do líder máximo para que (o governante cubano) Raúl Castro empreenda as reformas econômicas necessárias” para sair da crise, disse à Agência Efe Rafael Lima, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Miami (UM).
Para Max Lesnick, de 80 anos, e amigo de Fidel Castro desde os tempos da Universidade de Havana, a situação é clara. “Ele está a tentar corrigir os erros da revolução. Estou muito feliz com isso; é o correto. Hoje, é um velho estadista; já não é o presidente de Cuba. É como Jimmy Carter [ex-presidente dos EUA]”, sublinhou o ex-jornalista residente em Miami.
Fidel admite erros do passado e critica armas nucleares
Na entrevista, Fidel, que conta já 84 anos, avançou com outras afirmações que surpreenderam o jornalista Goldberg. O chefe de Estado reconheceu ter cometido um erro ao aceitar que a então União Soviética colocasse mísseis em Cuba apontados para os EUA. Estava-se em 1962 e a “crise dos mísseis” quase levou a uma nova guerra mundial.
Fidel criticou ainda a política nuclear e o anti-semitismo dos iranianos. “Ao longo da história, ninguém sofreu mais do que judeus e árabes”, garantiu Fidel que se fez fotografar e filmar a cumprimentar Adela Dworin, líder da comunidade judaica em Cuba.
Por fim, o líder cubano mostou-se contra qualquer tipo de arma nuclear, onde quer que seja. Numa visita ao Aquarium de Havana, Fidel explicou a Goldberg que o diretor da instituição é Guillermo Garcia, um físico nuclear. “Assim, impedimo-lo de fabricar a bomba”, acrescentou divertido.