Depois de 13 anos de "grandes esforços de conservação", o lince-ibérico saiu da categoria de "em perigo crítico" de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Depois de 13 anos de “grandes esforços de conservação”, o lince-ibérico saiu da categoria de “em perigo crítico” de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). O felino acaba de ser reclassificado para “em perígo”, um nível menos grave da Lista Vermelha daquele organismo, que inclui 77.340 espécies.
As avaliações feitas aos exemplares de lince-ibérico existentes revelam que, entre 2002 e 2012, o tamanho da população da espécie aumentou de forma contínua, chegando aos 156 indivíduos adultos, o que implicou uma passagem de 27 fêmeas reprodutoras, em 2002, para 97, em 2012.
Em comunicado, o projeto LIFE+Iberlince revela que a área de presença da espécie, que começou a voltar, há pouco tempo, a ser libertada na Natureza em Portugal, também beneficiou de um “aumento considerável”, progressos que resultaram, agora, na reclassificação do lince-ibérico de “em perigo crítico” a “em perigo”.
“Salvar o lince-ibérico da extinção, assegurando, ao mesmo tempo, os meios de subsistência das comunidades locais é um exemplo perfeito”, afirma, citado no mesmo documento, Inger Andersen, diretor-geral da UICN.
A opinião é partilhada por Urs Breitenmoser, presidente do grupo de especialistas em felinos daquele organismo. “Esta é uma notícia fantástica para o lince-ibérico e uma excelente prova de que as ações de conservação realmente funcionam”, congratula-se Breitenmoser, alertando, porém, que “o trabalho está longe de estar terminado”.
43 linces devolvidos à Natureza em Portugal e Espanha
No âmbito do projeto LIFE+Natureza Iberlince foi iniciada, recentemente, a recuperação da distribuição histórica da espécie na Península Ibérica com o apoio de 19 instituições que introduziram exemplares selvagens e nascidos a partir dos programas de reprodução em cativeiro do Vale do Guadiana, em Portugal e na Estremadura, Castilla-La-Mancha e Andaluzia, em Espanha.
“Nestas novas zonas, onde se libertaram, no total, 43 exemplares desde o ano passado, estão a ser formadas novas comunidades que, no futuro, vão contribuir para garantir a conservação da espécie”, destacam os responsáveis do projeto LIFE+Iberlince.
Ainda assim, frisam, “é necessário continuar a trabalhar arduamente, como até agora, porque embora as populações deste felino estejam a recuperar progressivamente, é preciso garantir o seu crescimento”, o que exige, igualmente, a recuperação das populações de coelho selvagem, o principal alimento dos linces.
O LIFE+Iberlince defende, com este fim, entre outras medidas, a criação de um Plano Nacional para repor a população destes animais que inclua, por exemplo, alterações nas estradas que evitem atropelamentos.
De acordo com a UICN, a perda e degradação dos 'habitats' é a principal ameaça para 85% de todas as espécies incluídas na Lista Vermelha – um total de 77.340, das quais 22.784 estão em perigo de extinção. Outros fatores de risco são o comércio ilegal e a proliferação de espécies invasoras.