Dos 33 doentes com depressão moderada a grave que integraram o estudo, 26% atingiram a remissão e 21% registaram melhorias significativas. José Carlos Pereira, de 37 anos, é um desses casos de sucesso: ao caminhar 45 minutos após cada dia de trabalho, conseguiu reduzir gradualmente as tomas diárias de antidepressivos.
“[A prática de exercício físico] deu-me uma funcionalidade diferente e fiquei com vontade de viver”, revela José em entrevista à Visão. Helena Tavares, de 55 anos, é da mesma opinião: “A minha vida mudou completamente”, conta a ex-secretária, referindo que também ela reduziu a medicação, tendo agora “paz de espírito”.
O projeto foi coordenado pelo psiquiatra Jorge Mota Pereira, que frisa que a equipa nunca mexeu nos fármacos tomados pelos pacientes, justamente para provar como o exercício físico pode potenciar os seus efeitos, ao libertar “substâncias químicas cerebrais idênticas às dos medicamentos”, nomeadamente serotonina, noradrenalina e dopamina.
À Visão, o responsável adianta ainda que o grupo de doentes que apenas se cingiu aos antidepressivos não registou qualquer melhoria ou remissão.
“Os remédios são importantes, mas não fazem tudo. Costumo dizer que os fármacos estão para a doença como as muletas para a ortopedia”, reitera Joaquim Ramos, diretor clínico do Hospital Magalhães Lemos.
O estudo foi muito bem recebido pelos especialistas internacionais, aquando da sua apresentação em Viena, Áustria, no Congresso Europeu de Psiquiatria, e mereceu o primeiro prémio do Congresso Nacional de Psiquiatria.
Os resultados foram publicados no Journal of Psychiatric Research, uma das revistas científicas internacionais da especialidade mais bem cotadas e coloca-se já a hipótese de realizar um estudo mais alargado, envolvendo Portugal e Austrália.
[Notícia sugerida pela utilizadora Sónia Inácio]