"O Príncipe e o Mendigo" é um projeto artístico composto por retratos duplos de homens e mulheres sem-abrigo, com uma foto a refletir como são hoje e outra a representar como sonhavam ser.
"O Príncipe e o Mendigo" é um projeto artístico composto por retratos duplos de homens e mulheres sem-abrigo, com uma foto a refletir o que são hoje e outra a representar como sonhavam ser.
Quando Horia Manolache chegou a São Francisco, a primeira coisa em que o fotógrafo romeno reparou foi no grande número de pessoas sem-abrigo a viver na cidade.
Em 2013, um estudo independente estimou que o número de crianças e adultos sem-abrigo a viver em São Francisco estava perto dos 7.350. Com uma população a rondar os 840 mil habitantes, estes número indicam que cerca de 0,8% das pessoas São Francisco vivem na rua ou em abrigos, não tendo um local a que possam chamar ‘casa’.
Manolache, estudante de mestrado na Academia de Arte de São Francisco e residente da cidade, explica, no seu site, que à medida que os seus projetos o levavam pela cidade, encontrou no caminho várias pessoas sem-abrigo e ficou “familiarizado com elas”.
Depois de falar com alguns, Manolache perguntou-se: "O que levou estas pessoas a este ponto e como seria a sua vida se tivessem realizado os seus sonhos?"
Assim começou o projeto "O Príncipe e o Mendigo", uma série de fotografias que começou como um trabalho universitário e deverá, em breve, dar origem a um livro, sendo que Manolache tem neste momento uma campanha de recolha de fundos, na plataforma
IndieGogo, para avançar com a publicação.
A série é composta por retratos duplos de homens e mulheres sem-abrigos, com uma foto a refletir como são hoje e outra a representar como sonhavam ser.
"Conheci o Frank em Hunters Point, São Francisco. Vivia num atrelado feito à mão com a mulher e o cão. Uma grande preocupação do Frank era que a polícia levasse a sua casa. Contou-me que foi criado com um mordomo, mas que as drogas o trouxeram até aqui. A sua mulher queria ser bailarina, mas porque tem problemas de obesidade não se sentiu confortável em participar no projeto. O Frank é uma das pessoas mais amáveis que já conheci." – Horia Manolache
Na descrição da campanha, Manolache explica que “o objetivo do meu projeto é mostrar estas pessoas através de uma abordagem diferente e a distância improvável”.
Acrescenta ainda que está a “tentar mudar uma mentalidade, uma generalização que deixou a sua marca nas pessoas sem-abrigo”, referindo a tendência que algumas pessoas têm de categorizar os sem-abrigo como vítimas da preguiça ou doentes mental. "Espero que o meu projeto faça alguma justiça e junte-se a um movimento maior."
“Estas fotografias são sobre os sonhos das pessoas que se esqueceram ou que não podem sonhar”, conclui o romeno.
"Esta é a Jennifer, da família McCloud. Veio da Irlanda com o marido, mas a algum ponto os dois divorciaram-se. É muito tímida quando está sóbria."
"O Max é um veterano da guerra do Golfo e do Vietname. Serviu no exército durante 43 anos. Quando saiu, desistiu de tudo e foi para ruas. Agora tem problemas com o álcool e mal anda por causa de uns problemas de saúde. Um dos seus arrependimentos é já não falar com a sua filha."
"O Henry foi viciado em drogas e álcool. Atualmente vende jornais para uma organização que cuida de pessoas sem-abrigo."
"Mike foi o primeiro a participar neste projeto. Ele vem de Ohio, teve que fugir de lá porque costumava fumar erva mas a polícia apanhou-o e ele foi preso. Agora está a reconstruir a sua vida. Ele tem um lugar para ficar e começou a trabalhar graças a uma organização de São Francisco. "
"Bill teve de fugir da cidade onde viva antes. A razão pela qual teve de fugir é injusta, mas a alternativa era ser preso. Ele quis enviar estas fotos para a sua mãe que Alzheimer para que esta o reconhecesse quando ele voltar."
"Pops esteve na guerra do Vietname. Era engenheiro, começou a usar drogas e perdeu o emprego. Esteve viciado durante 12 anos, até que entrou para uma clínica de reabilitação. Infelizmente, agora é viciado no alcóol."
As fotos publicadas aqui, com comentários do fotógrafo, foram originalmente publicadas pelo Huffington Post.
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